Colômbia -  As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) declararam nesta sexta-feira que mantêm o interesse em uma saída política negociada para o conflito armado colombiano.
“Os estudantes, camponeses, trabalhadores, donas de casa e todos os setores vivos interessados em construir a paz devem cuidar do processo de negociação”, disse Ricardo Téllez, porta-voz da equipe de negociadores da guerrilha, em Havana, capital cubana.
As declarações foram feitas depois de o presidente colombiano Juan Manuel Santos ter “ameaçado” interromper o processo de paz, iniciado em novembro do ano passado, caso as negociações não avancem.
No último sábado (23), Santos cobrou mais rapidez no processo. “Sem avanços, paramos a mesa [de negociação]”, declarou. Ele acrescentou que espera terminar o conflito por meio de “acordos concretos” e não de cartas e manifestos.
Reafirmando a intenção da guerrilha em negociar, o porta-voz lembrou que as Farc estão propondo o cessar fogo bilateral com observadores internacionais. “Estamos abertos e com vontade de aprofundar o tema”, disse.
Embora as Farc insistam em um cessar-fogo bilateral, o governo tem negado a possibilidade repetidas vezes, desde o início da negociação.
Ricardo Téllez também lembrou que, antes de as negociações começarem em Cuba, havia muita gente no país com posição contrária às conversações, que pedia a continuidade da guerra até o “extermínio físico das Farc”.
“Mas o governo é consciente de que a paz é necessária, e o fato de uma delegação das Farc estar em Havana, tratando do tema, é um passo gigantesco para o país. Vamos lutar pela paz nacional, disso não temos dúvida”, ressaltou.
Por sua vez, o chefe dos negociadores do governo em Havana, Humberto de La Calle, declarou por diversas vezes, em três meses e meio de negociação, que o governo não “conversará sobre temas que estejam fora dos cinco pontos pré-determinados para a mesa de conversações”.
Os temas escolhidos pelas Farc e pelo governo nas conversas anteriores à instalação da negociação envolvem o desenvolvimento rural e a reforma agrária; as garantias de participação política dos líderes da guerrilha, após selado um processo de paz; o desarmamento e a reintegração civil dos ex-guerrilheiros; e a luta contra o narcotráfico e o direitos das vítimas.