Declínio de insetos polinizadores ameaça lavouras em todo o mundo
Pesquisa que contou com participação brasileira afirma que diversidade é fundamental para a eficácia da polinização e que substituição de abelhas domésticas não resolve o problema
São Paulo - O declínio de insetos silvestres tem sérias consequências para a produção de alimentos em todo o mundo. Dois estudos publicados esta semana, um com abrangência global e outro com análise de 120 anos de dados, mostram esta relação e alertam para a necessidade para a manutenção e manejo da diversidade de polinizadores para produção agrícola no longo prazo.
Abelhas silvestres têm grande importância na polinização das lavouras | Foto: Reprodução Internet
Um grupo de pesquisadores, incluindo três brasileiros, analisou dados de 600 lavouras em 20 países e descobriu que, ao contrário do que se pensava, o manejo de abelhas domésticas não é tão eficaz para a polinização das plantas quanto a feita por insetos selvagens, como abelhas silvestres, moscas, besouros e borboletas.
O naturalista Charles Robertson coletou e analisou dados sobre polinização na região de Carlinville em 1890. Mais de um século depois, Laura Burkle da Universidade do Estado de Montana, nos Estados Unidos, foi analisar o que mudou na região. Os pesquisadores da equipe de Laura só conseguiram encontrar metade das espécies descritas por Robertson, apenas 54 das 109.
Freitas explica que o uso de defensores agrícolas, a perda de habitat, a monocultura e até as mudanças climáticas fazem com ocorra a redução das espécies silvestres.Isto porque as flores da maioria das culturas precisam receber o pólen antes de criar sementes e frutos, um processo que é reforçado por insetos que visitam flores. Estes polinizadores, incluindo as abelhas, moscas, besouros, borboletas vivem geralmente em habitats naturais, como as bordas de florestas, cercas vivas ou pastagens. Como esses habitats estão se perdendo por causa da expansão agrícola, ocorre o declínio destes polinizadores.
“A produção de muitas frutas e grãos importantes para a nossa dieta, como tomate, café e melancia, está limitada porque as flores não estão sendo polinizadas adequadamente”, disse, em um comunicado, Lawrence Harder, biólogo da Universidade de Calgary e um dos autores do estudo global sobre polinizadores.
As informações são de Maria Fernanda Ziegler do iG
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