Rio -  Foi-se o tempo em que o comércio ilegal de anabolizantes e medicamentos de tarja preta corria às escuras nos "porões" de academias e farmácias. Hoje, a compra desse tipo de medicamento de uso humano e veterinário, proibido pela Agência Nacional de Vigilancia Sanitária (Anvisa), está ao alcance de todos em blogs, sites e redes sociais na internet.
Nesse comércio ilegal, vendedores chegam a a tirar dúvidas dos interessados, prescrever medicamentos e fazer com que as encomendas cheguem aos compradores em até sete dias, no conforto de seus lares, via Correios. Isso sem qualquer fiscalização aparente. O leque de ‘produtos’ nesse mercado, impressiona: dezenas de anabólicos, emagrecedoras e até para disfunção erétil.
Foto: Reprodução
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"Mais potentes"
Remédios veterinários, considerados mais potentes para fins estéticos, também aparecem nas listas. A fabricação das mesmas é feita em laboratórios clandestinos de fora do Brasil a partir de princípios ativos de remédios já conhecidos, tal qual medicamentos genéricos.
“Os produtos vêm do Paraguai, México e interior de São Paulo, e são transportados em caminhões, como drogas. Trata-se de um contrabando em rede, que envolve lojas virtuais de todo o Brasil”, disse o analista de seguros X., antigo usuário de anabolizantes, garantindo também que muitos desses perfis falsos pertencem a farmácias que obtém os medicamentos de forma legal e os repassam a pessoas sem receita por preços mais caros na rede.
No perfil ‘Produtos GC Suplementos’, no Facebook, internauta agradece a eficiência em uma venda: “Obrigado pela atenção e rapidez”.
Impotência, câncer e morte: consequências
O uso dessas substâncias, sem prescrição médica e em altas doses, é condenado por médicos: “O uso de anabolizantes pode causar impotência sexual, câncer e até a morte. O de emagrecedores, a longo prazo, causa alterações cardiovasculares”, disse a presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia no Rio, Vivian Ellienger.
A Anvisa garante monitorar o movimento clandestino e, sempre que identifica uma irregularidade, repassar à polícia. A Delegacia de Repressão aos Crimes de Internet (DRCI) afirma já ter realizado prisões de contrabandistas de remédios e ter em curso investigações para o combate a esse tipo de crime.