Rio -  Jacques Séguéla, assessor de marketing político do ex-presidente François Mitterrand, escreveu o livro ‘Não conte para minha mãe que trabalho em publicidade... Ela pensa que sou pianista num bordel’. Afirma que Freud teorizava que o caráter e o destino de um homem são determinados nos seus primeiros seis anos de vida.
Na publicidade, a formação dessas ideias é, no máximo, de um ano. Nas campanhas eleitorais, os marqueteiros, em seis meses, com seus slogans, sensibilizam o eleitorado e elegem políticos que, ao assumirem o poder (alguns), esquecem suas promessas e entram para a história como governantes corruptos.

Bill Clinton foi eleito com o slogan de apelo econômico: “Ainda é a economia, estúpido!”. Barack Obama se inspirou no discurso de Luther King, que resgatava o sonho americano num contexto multiétnico: “Yes, we can”. Mesmo com a crise econômica internacional de 2008, Obama retirou a economia como mensagem e entrou com o slogan: “Para frente (Forward)”. A ‘reforma no sistema de saúde’ dos EUA foi o carro-chefe da campanha que reelegeu Obama em novembro.
Na campanha de 2014, no Brasil, a presidenta Dilma Rousseff tem que carregar seus discursos nas suas realizações, mas saindo do foco dos programas do governo dos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso. Deve afirmar que, no seu governo, a taxa de juros caiu para uma faixa de 7%; que o imposto sobre os produtos industrializados foi reduzido; que os financiamentos para a casa própria aumentaram; que a parceria do governo e com empresários nos investimentos para a infraestrutura também subiu...
O discurso da Dilma nas eleições de 2014 deve focar na classe média e afirmar: “Nós fizemos e vamos fazer muito mais...”. Será reeleita! A oposição está naufragando por falta de propostas.
Wilson Diniz é economista e analista político