Rio -  As principais rodoviárias da Baixada Fluminense estão longe de agradar aos passageiros e funcionários que usam o serviço. Numa blitz feita pelo em três terminais rodoviários — Nova Iguaçu, Nilópolis e Duque de Caxias, este último, administrado pela prefeitura local —, sobraram reclamações dos usuários.
Foto: Paulo Alvadia
Foto: Paulo Alvadia
A maior queixa é a falta de bancos, fazendo com que passageiros fiquem horas em pé, à espera do embarque. Nos terminais de Nilópolis e Nova Iguaçu, administrados pela concessionária Rio Terminais, também não há assentos suficientes. Os congestionamentos nas ruas próximas são frequentes e fazem com que todos percam horas no trânsito.
O problema mais grave é no terminal rodoviário de Duque de Caxias, onde o descontrole é tão grande que moradores de rua tomaram conta do espaço. Também há falta de conservação e muita sujeira.
A presença de mendigos na rodoviária de Caxias impressiona e assusta os passageiros. Dos 36 assentos das seis plataformas, pelo menos metade está ocupada por moradores de rua, que passam o dia dormindo em cima dos bancos.
“Não posso sentar. Tenho que aguardar pela condução em pé, pois quase todos os bancos estão com moradores de rua que vivem aqui diariamente. Eles sujam tudo e deixam o local com uma péssima imagem. Dá medo”, diz o auxiliar de rouparia Alexandre Robert da Silva Pereira, de 20 anos.
De acordo com ambulantes, que também ocupam parte dos assentos com suas mercadorias, os moradores de rua ainda usam a rodoviária como um motel a céu aberto. “Não aguento mais ver estas pessoas fazendo sexo debaixo dos bancos. Elas nem se importam com a presença dos passageiros. Além disso, fazem suas necessidades fisiológicas em plena luz do dia sem utilizar os banheiros”, diz uma vendedora, que não se identificou.
Além do problema dos moradores de rua, a rodoviária necessita de obras estruturais, como pintura e instalação de novas lixeiras. Segundo passageiros, quando chove, o terminal fica cheio de goteiras. “Chove aqui dentro, bem na cabeça de quem fica na fila do ônibus. É preciso até abrir o guarda-chuva para não se molhar. O abandono da prefeitura é total”, critica o promotor de vendas Rogério Bezerra dos Santos, 42 anos.
A Secretaria de Serviços Públicos de Duque de Caxias informou que está avaliando as necessidades de melhorias no terminal. Não há projeto de reforma. Em relação aos moradores de rua, agentes da Secretaria Municipal de Assistência Social pretendem ir à rodoviária conversar com os moradores e buscar uma solução.
Uma hora em pé
Em Nova Iguaçu, que recebe diariamente mais de 500 mil passageiros e onde circulam mais de 2.200 ônibus, a maior reclamação é com a falta de assentos. O vigilante Hélio Sérgio Almeida, 47 anos, contou que chega a esperar até uma hora em pé, à espera do embarque.
Na manhã de segunda-feira passada, ele teve de colocar as malas no chão, enquanto aguardava com as duas filhas a chegada do ônibus para Petrópolis, na região serrana. “Enquanto o ônibus não chega, teremos de ficar em pé. O pior é na saída do terminal, quando o ônibus demora 50 minutos para chegar à Via Dutra devido ao engarrafamento. Um absurdo”, protesta. Passageiros e motoristas também reclamam por terem de pagar R$ 1,50 para usar o banheiro da rodoviária.
No terminal rodoviário de Nilópolis, que atende a 50 mil passageiros e onde circulam 200 ônibus diariamente, a reclamação também é com a falta de assentos e com os congestionamentos nas ruas de saída e entrada do terminal.
Meriti e Belford Roxo sem projetos
São João de Meriti e Belford Roxo somam quase um milhão de habitantes, segundo o IBGE. Mas o número de moradores não sensibiliza os prefeitos Sandro Matos, de Meriti, e Dennis Dauttmam, de Belford Roxo, que não têm projeto para construir uma rodoviária de grande porte em seus municípios. Em Meriti, a prefeitura administra três rodoviárias, mas todas de pequeno porte: Praça da Bandeira, Éden e Rodo, no Centro.
A concessionária Rio Terminais, que administra os terminais de Nova Iguaçu, Nilópolis, e Menezes Cortes e Américo Fontenelle, ambos no Centro do Rio, informou que pretende investir cerca de R$ 25 milhões em melhorias nestas rodoviárias. O consórcio não informou quanto será destinado para as duas rodoviárias da Baixada Fluminense.
As melhorias incluem maior segurança e tecnologia. Em cada terminal deverá ser instalado um Centro de Controle Operacional, com monitoramento por meio de câmeras, serviços de limpeza e iluminação. As plataformas ganharão TVs de plasma e painéis de LCD com a informação dos horários de saídas e chegadas dos ônibus. A previsão de conclusão é até 2014.
Sobre a falta de bancos para passageiros, a Rio Terminais informou que as rodoviárias têm “características urbanas, com previsão de embarques rápidos, não sendo indicada a instalação de mais assentos”.
Em Nova Iguaçu, a prefeitura informou que estuda a implantação de seis rodoviárias municipais. Os bairros a serem contemplados são: Cabuçu, Miguel Couto, Austin, Vila de Cava, KM 32 e Morro Agudo. Em relação aos congestionamentos, a prefeitura informou que pretende construir dois mergulhões: um no bairro Morro Agudo e outro, na Rua Nilo Peçanha, no Centro, próximo à Rodovia Presidente Dutra.
Concessão por 25 anos
Os terminais rodoviários de Nova Iguaçu e Nilópolis passaram para o controle do consórcio Rio Terminais em maio de 2012. Antes, a administração era feita pela Companhia de Desenvolvimento Rodoviário de e Terminais do Estado do Rio de Janeiro (Coderte), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Transportes.
A concessão se estenderá por 25 anos, prazo em que o consórcio repassará mensalmente à Coderte o equivalente a 10% de todas as receitas auferidas nos terminais. O contrato também prevê melhor acessibilidade aos portadores de necessidades físicas e visuais.