Rio Grande do Sul -  A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul confirmou mais uma morte provocada pelo incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria. O jovem Matheus Rafael Raschen, de 20 anos, estava internado no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre desde o último domingo, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na noite de quinta-feira.
Com isso, o total de óbitos em razão do incidente chega a 236. Em todo o estado, 127 vítimas permanecem internadas, sendo 60 em Porto Alegre, 65 em Santa Maria, uma em Ijuí e uma em Caxias do Sul. Entre os pacientes, 70 estão em unidades de terapia intensiva e respiram com a ajuda de aparelhos.

Vidas perdidas na tragédia de Santa Maria

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A catarinense Isabella Fiorini tinha 19 anos e era estudante de Medicina Veterinária na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Boate virou câmara de gás
O delegado regional que investiga o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), Marcelo Arigony, disse nesta quinta-feira que a espuma isolante que forrava o teto da boate foiresponsável pelo grande número de vítimas. Ele explicou que o material colaborou para que as fuligens e os gases tóxicos se espalhassem com rapidez e em grande quantidade pelo interior do estabelecimento, que virou verdadeira câmara de gás.
Arigony, que perdeu uma prima na tragédia, disse que, se não fosse a espuma, teria sido incêndio pequeno | Foto: Ronald Mendes / Estadão Conteúdo
Arigony, que perdeu uma prima na tragédia, disse que, se não fosse a espuma, teria sido incêndio pequeno | Foto: Ronald Mendes / Estadão Conteúdo
Um dos gases que a espuma produz quando entra em combustão é o cianídrico, considerado um dos mais letais. Quando disperso em locais pouco ventilados, ele se adere a tudo o que for úmido, mantendo seu efeito danoso por vários dias. Na Primeira Guerra Mundial esse gás foi utilizado como arma química e, na Segunda Guerra, ele foi usado no extermínio de judeus pelos nazistas.
“Se não fosse essa espuma, teria sido um pequeno incêndio”, afirmou Arigony.
O fogo iniciou durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso no palco de artefatos pirotécnicos não recomendados para locais fechados. Segundo o delegado, a espuma não tinha a aplicação de produto usado para amenizar a fumaça em caso de incêndio. Uma amostra foi recolhida para estudo. O DJ que tocou na boate na noite do incêndio, Lucas Peranzoni, o Bolinha, disse em depoimento na quinta que a nuvem negra demorou só 15 segundos para tomar o local.
A polícia ainda não recebeu o plano de prevenção e combate a incêndio da Kiss. O delegado pedirá a prorrogação das prisões temporárias dos sócios da boate Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko, e Mauro Hoffmann, e de dois membros da banda, Marcelo Santos e Luciano Augusto Leão.
Nesta quinta-feira, a Justiça de Santa Maria negou liberdade provisória para Kiko. O juiz Afif Simões Neto considerou que não há motivos para desfazer a sentença anterior, que se baseou na necessidade da custódia para a investigação.
Investigação acompanhada pelo Facebook
Marcelo Arigony tem usado uma maneira moderna e pouco convencional para informar a população sobre o andamento das investigações. Em seu perfil do Facebook, que é aberto, o delegado publicou na tarde de ontem uma foto em que, aparentemente, funcionários da boate Kiss manuseiam equipamentos que disparam labaredas de fogo. Na legenda, ele orienta os internautas para que “tirem suas próprias conclusões". Até 21h de quinta-feira, a foto tinha 1.592 compartilhamentos e 2.043 “curtidas”. 
Boate já permitia uso de artefatos pirotécnicos durante festas | Foto: Reprodução Internet
Boate já permitia uso de artefatos pirotécnicos durante festas | Foto: Reprodução Internet
Multa por venda de ingresso
Sites que venderem ingressos para festas em locais do Rio que não estiverem em condições seguras de funcionamento receberão multas de R$ 100 mil a R$ 6,2 milhões. A regra será publicada nesta sexta-feira pela prefeitura, no Diário Oficial. 
A Ouvidoria do Ministério Público Estadual apresentou nesta quinta 11 denúncias recebidas desde segunda-feira sobre supostas irregularidades em casas noturnas do estado. Bombeiros — responsáveis por fazer vistorias e conceder a aprovação e registro das casas — anunciaram curso de capacitação a profissionais. A ideia é aumentar a equipe, hoje de 200 pessoas no estado, para 500 e alcançar a meta de, ao menos, 100 fiscalizações mensais na capital.