Rio -  Santa Cruz, Rocinha e Viradouro foram os grandes destaques da primeira noite de desfiles da Série A, na Sapucaí. No total, nove escolas passaram pelo Sambódromo nesta sexta-feira. Neste sábado, a maratona continua com as demais 10 integrantes da Lierj, a liga que comanda o antigo Grupo de Acesso. Apenas uma subirá para o Especial.
Primeira escola da noite, a Unidos do Jacarezinho entrou com arquibancadas ainda bastante vazias. No Setor 1, a situação era pior ainda: pouquíssimas pessoas. Com enredo em homenagem ao centenário de Jamelão, a escola sofreu com diversos problemas. A fantasia no primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira não chegou a tempo e a dupla Pedro e Raessa não pôde desfilar. O segundo casal Roberto Vinicius e Tamara teve que assumir o posto de protagonista.
A rainha de bateria Gracyanne Barbosa exibe tanquinho sarado durante o desfile da Unidos do Jacarezinho | Foto: Alexandre Brum / Ag. O Dia
A madrinha Gracyanne exibe tanquinho sarado durante o desfile do Jacarezinho | Foto: Alexandre Brum / Ag. O Dia
As alegorias apresentaram problemas na iluminação e quase todos os carros passaram apagados. Falhas no som da Sapucaí também foram registradas e parte de diretoria desfilou preocupada. A bateria de Mestre Ricardo foi um dos pontos altos. A madrinha Gracyanne Barbosa roubou a cena e chamou a atenção de visual sarado. No fim do desfile, uma imagem emocionante. Mestre Monarco, de 79 anos, ex-presidente do Jacarezinho, veio atrás do último carro e foi muito aplaudido.
Porto da Pedra supera dificuldades e faz milagre
A Porto da Pedra veio em seguida com um enredo sobre a história dos calçados. Para uma escola que teve quatro presidentes nos últimos oito meses e trocou de carnavalesco faltando dois meses para o desfile, o resultado foi um verdadeiro milagre. Apesar de não ter tido tempo e recursos para mostrar um trabalho com identidade própria, o carnavalesco Leandro Valente, que era assessor de imprensa, teve o mérito de conseguir fazer carros e figurinos dignos com sua equipe. Diversas falhas foram observadas nos acabamentos, mas a superação falou mais alto.
Embalados pela bateria de Mestre Thiago Diogo, que deu um verdadeiro show, os componentes superaram as adversidades do pré-Carnaval e fizeram sua parte. O intérprete Igor Vianna defendeu o samba-enredo com garra e manteve a animação durante todo o tempo. 
A vermelho e branco de São Gonçalo, no entanto, teve problemas sérios de evolução e conjunto causados pela dificuldade de locomoção da terceira alegoria: "A ralé é descalçada, mas o Diabo calça Prada". Ao passar diante da primeira cabine de jurados, o carro teve danos no eixo e empacou. Resultado: um buraco gigante se abriu na pista e a ala que vinha atrás teve que correr para preencher o espaço. Quem também sofreu foi a primeira porta-bandeira Thaís Romi, que tropeçou na fantasia e caiu no chão em frente ao setor 5. A quedra, no entanto, foi um pouco distante do campo de visão do segundo módulo do júri, o que pode fazer com que o mesmo não tenha notado o acidente.
Foto: Aline Freire / Agência O Dia
Carro empacou e Porto da Pedra abriu buraco gigante no desfile | Foto: Aline Freire / Agência O Dia
A Santa Cruz foi a terceira a pisar na Avenida e brilhou muito, lembrando os tempos em que costumava "dar trabalho" no Grupo de Acesso. Apostando num enredo sobre as lendas e a cultura do Ceará desenvolvido pelos carnavalescos Sylvio Cunha e Munir Nicolau, a verde e branco empolgou as arquibancadas. 
Com fantasias leves e coloridas, fez um desfile contagiante embalado pelo samba-enredo que no refrão brincava com forró. De volta ao Carnaval, o veterano intérprete Paulinho Mocidade comandou o carro de som com maestria e foi reverenciado pelo público. Rainha de bateria durante 10 anos, a bela Renata Santos desfilou com camisa de diretoria.
Vila Santa Tereza decepciona e está praticamente rebaixada
Quarta da noite, a Unidos da Vila Santa Tereza, de Honório Gurgel, foi a maior decepção do primeiro dia. Com alegorias e fantasias pobres, a escola pecou em quase todos os quesitos e deverá ser rebaixada. Os ritmistas desfilaram sem chapéu e sem a parte de cima da fantasia. As passistas também ficaram sem figurinos e tiveram que se apresentar somente de calcinha e sutiã. No fim, outra cena triste: apenas 21 baianas. O mínimo de mulheres na ala tem que ser 35 conforme diz o regulamento. A ex-BBB Ariadna foi a rainha de bateria e desfilou com os seios de fora. 
Comissão de frente da Santa Cruz. Enredo exaltou o Ceará | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Comissão de frente da Santa Cruz brilhou. Enredo exaltou o Ceará | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
A União do Parque Curicica passou em seguida com uma grande homenagem à Portela. O samba-enredo, uma reedição de 1994 da escola de Madureira, foi o ponto forte e garantiu o sucesso da exibição. O público vibrou com a passagem da escola e animou ainda mais os componentes. Portelenses ilustres como Tia Surica, Carlos Monte, Jerônimo e Nilce Fran marcaram presença.
Estácio de Sá estoura tempo
Campeã de 1992, a Estácio foi a sexta agremiação e exaltou a vida e a obra do maestro, compositor e gaitista Rildo Hora. Idealizados pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, carros e fantasias primaram pelo luxo e bom gosto, com destaque para o abre-alas. A bateria de Mestre Chuvisco executou diversas paradinhas e mexeu com o público. 
O intérprete Leandro Santos defendeu o samba com competência e garantiu a empolgação dos componentes. O veterano músico desfilou no último carro ao lado de amigos e familiares e foi saudado pelas arquibancadas. A Estácio, no entanto, deverá perder décimos preciosos em cronometragem e evolução, já que estourou em um minuto o tempo máximo de desfile, que é de 55 minutos. 
Bateria da Vila Santa Tereza desfilou toda ela sem fantasia completa | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Bateria da Vila Santa Tereza desfilou toda ela sem fantasia completa | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
A Alegria da Zona Sul veio depois com uma homenagem aos 95 anos do Cordão do Bola Preta. Com carros e figurinos simples, a escola conseguiu transmitir a mensagem do enredo com facilidade. O presidente do bloco, Pedro Ernesto, foi destaque no último carro.
A Rocinha foi a penúltima escola e sacudiu a Sapucaí com um passeio pela diversidade da culinária brasileira. Mais uma vez, o carnavalesco Luiz Carlos Bruno esbanjou criatividade na elaboração das alegorias e fantasias. O público pôde entender perfeitamente o enredo e ainda se divertiu com as sacadas irreverentes do tema que foram da chegaram dos portugueses até o fast food e os "podrões" das biroscas. A comissão de frente, comandada por Sérgio Lobato, foi a mais aplaudida da noite e mostrou o tradicional "churrasquinho de gato".
Viradouro prestou uma grande homenagem ao Salgueiro | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Viradouro prestou uma grande homenagem ao Salgueiro | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Viradouro faz bela homenagem ao Salgueiro
A Viradouro fechou a primeira parte da maratona em grande estilo. Com uma homenagem aos 60 anos do Salgueiro, a escola de Niterói relembrou enredos e sambas célebres da Academia do Samba. A presidenta da vermelho e branco da Tijuca, Regina Celi, desfilou ao lado de Gusttavo Clarão. A bateria de Mestre Pablo incendiou o Sambódromo com diversas paradinhas e bossas e foi responsável por um dos melhores momentos da apresentação.
O samba-enredo, sem refrão, embalou os componentes. O espetáculo ficou mais bonito ainda quando os mesmos tiveram que cantar o hino a plenos pulmões por causa de uma gigantesca falha no som na Avenida que parou por aproximadamente um minuto. Após um desfile praticamente perfeito, a Viradouro já se coloca como uma das fortes candidatas ao título. Neste sábado, mais 10 escolas se apresentação pela Série A.