Rio -  Esta semana o foco dos noticiários e de todos os brasileiros é a tragédia que vitimou centenas de jovens em Santa Maria (RS). Como brasileira, gaúcha e também sendo vítima de uma tragédia coletiva, eu me solidarizo com meus irmãos do Rio Grande do Sul.
Há seis anos, perdi meu marido no acidente do voo 1907 da Gol, que vitimou 154 vidas. Passei por esse período de comoção nacional, de revolta e de saudade, e hoje sigo lutando por justiça, com a dor no peito cada vez mais forte, sem ter o pai da minha filha por perto.
Presto minha solidariedade às famílias das vítimas e espero que essa não seja mais uma tragédia que fique sem punição, sem que os culpados pela negligência fiquem livres, enquanto nós sofremos a cada instante.
No caso do voo da Gol, também fomos vítimas da imprudência. Os dois pilotos norte-americanos continuam livres e, pior, trabalhando pela American Airlines e pela Excel Aire. Enquanto isso, nosso caso segue na Justiça. Continuamos lutando pelo aumento da pena e para que ela seja cumprida nos Estados Unidos.
Queremos justiça na provável terceira instância do processo criminal. Em segunda instância, os pilotos foram condenados a três anos e um mês de detenção, em regime aberto, mas que ainda cabe recurso. Pedimos justiça para que a Anac e o Itamaraty façam cumprir o acordo bilateral entre Brasil e Estados Unidos para retirada permanente dos brevês dos pilotos, já que eles já foram autuados pela Anac e Decea por três motivos: voar em espaço aéreo de separação vertical reduzida sem autorização e desligar o transponder e o equipamento TCAS II, impedindo que o avião da Gol percebesse que o jato estava narota errada e causaria a colisão.
Que o Rio Grande do Sul, palco histórico de lutas por direitos e liberdade, consiga dar mais uma vez o exemplo de justiça. Por que quando o incêndio não for mais pauta para a imprensa, a dor e a saudade continuarão sendo os principais assuntos para cada uma das vítimas.
Viúva de Rolf Gutjhar, uma das vítimas do voo 1907 da Gol