Rio -  Um arranca suspiros das fãs em nada menos do que 30 shows por mês; o outro é figura carimbada em rodas de samba da cidade. Um já ultrapassa a marca de 9 milhões de visualizações no YouTube com o hit ‘Normal, Mamãe Passou Açúcar em Mim’; o outro tem 11 discos de ouro e prepara novo DVD. Um tem 20 anos; o outro, 58. Senhoras e senhores, com vocês, suas realezas: MC Duduzinho e Reinaldo. O tapete vermelho está estendido para os príncipes do funk e do pagode, respectivamente.
O tapete vermelho é todo deles: Reinaldo, o príncipe do pagode, e MC Duduzinho, o príncipe do funk | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
O tapete vermelho é todo deles | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
“Minhas fãs que começaram a me chamar assim. Sempre dou muita atenção a elas. Acho que esse título vem da humildade”, arrisca Duduzinho. Mas ele avisa que, dificilmente, levaria alguma delas ao seu ‘castelo’. “São muito novas. Só fico com mulher mais velha, de uns 30 anos. Isso me fez amadurecer”, diz ele, que tem vida amorosa agitada: já namorou dez vezes.
Enquanto isso, Reinaldo entrou para a ‘corte da música’ nos anos 80. “Estava escutando o programa Sambalanço, da rádio Manchete, e de repente o locutor Zé Antônio falou: ‘Agora vamos ouvir ‘Retrato Cantado de Um Amor’ na voz do príncipe do pagode’. Como era um adjetivo bom, fiquei na minha, né!?”.
E os dois não titubeiam em contar o que fariam se fossem príncipes de verdade. “Juntaria bastante amigo e levaria a cervejinha. Não precisa de muita coisa. Sou um príncipe pobre, quase um sapo (risos)”, diverte-se Reinaldo. Já Duduzinho agiria com a firmeza de um virtuoso imperador. “Daria mais oportunidade e educação para todos. E acabaria com o preconceito”.
O último pedido não é em vão. “Já sofri preconceito por ser funkeiro. Hoje, isso está mudando. Tem muito artista com carrão de R$ 100 mil, com dinheiro para ostentação. Tem festa de funk todos os dias. De rock, só uma vez por semana. Estamos tirando onda”, esnoba ele, que já chegou a fazer 15 shows em um único dia — o primeiro, às 15h — e cobra R$ 7 mil por apresentação no Rio de Janeiro.
E, como toda realeza que se preze, eles esbanjam seguidores. Veja só: duas fãs de Duduzinho conseguiram descobrir o local da entrevista e acompanharam tudo ao lado do ídolo. “Você é meu príncipe”, derreteu-se a universitária Marcele Ximenes, 19 anos, acompanhada da amiga Dhesyree Pontes, 15.
Realeza da música
A corte musical é grande e se espalha pelo mundo inteiro. Se Elvis Presley foi o rei do rock, Michael Jackson dominou a coroa no pop. No mesmo estilo do autor de ‘Thriller’, Madonna luta para continuar no trono — pois Lady Gaga e seus súditos, os monstrinhos, vêm logo atrás e oferecem perigo. No Brasil, a sanfona magistralmente tocada por Luiz Gonzaga lhe rendeu o título de rei do Baião. E ainda há o rei do brega: Reginaldo Rossi. Mas tem hora que a ‘casa’ da família real fica pequena para tanta gente. Assim como Reinaldo, Thiaguinho também passou a ser chamado de príncipe do pagode.
“Isso já deu muita polêmica. No meu novo DVD, a Leci Brandão fala: ‘Com vocês, o verdadeiro príncipe do pagode’”, adianta Reinaldo, que gravou o show em novembro do ano passado na quadra da Vila Isabel, diante de 11 mil pessoas. “Não me incomodo com isso, não. Sou desprovido dessa vaidade. Só quero meu dinheiro, mais nada. O que não acredito é naquela história que ele disse que mudou a história do samba. Não é possível. Não consigo acreditar que ele tenha dito isto dessa forma. Seria muita presunção”, comenta Reinaldo.
No funk, Duduzinho compartilha seu título com MC Marcinho. “Sou muito fã do Marcinho. Ele continua sendo príncipe, é claro. Me sinto muito honrado em ser chamado da mesma forma que ele”, afirma. Ele só não gosta quando falam que é o Justin Bieber do funk. “Não tem nada a ver. Cada um tem seu estilo, seu talento”, rebate Duduzinho, que faz planos para o futuro.
“Sonho fazer novela, ser ator. É um projeto para a minha vida. Na música, quero mudar meu estilo, ir mais para o lado do melody, do pop. Mas sem esquecer o funk”, garante. Para essa nova fase, ele tem como inspiração nomes como Claudinho e Buchecha e Naldo. “Eu me inspiro muito no Naldo. Só acho que ele esqueceu um pouco do funk. Ele diz que não é funkeiro, que não é MC. Talvez tenha ficado com medo do preconceito”.