Rio -  Redução dos gigantescos carros alegóricos, apostas em comissões de frente sem tripés que escondem os casais de mestre-sala e porta-bandeira e valorização do samba-enredo.
A estratégia para evitar tropeços na Sapucaí é apresentada por especialistas em Carnaval ouvidos pelo DIA. Polêmicas na Avenida, as alegorias gigantes foram vilãs para escolas tidas como “infalíveis”, como a Beija-Flor e a Unidos da Tijuca. A quebra do sétimo carro da escola de Nilópolis, "A Capital da realeza no Brasil", comprometeu a conquista do título.
Para o jornalista e escritor Luiz Fernando Vianna, do Instituto Moreira Salles, os carros grandes são uma tendência negativa. “Há um abuso no gigantismo, que chegou no limite. Mesmo escolas que não erram, como a Beija-Flor, foram prejudicadas. A Unidos da Tijuca também teve problemas. É hora de baixar a bola”, avaliou.
Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Apesar da experiência da escola em desfiles, um dos carros da Beija-Flor apresentou problemas para entrar, deixando um ‘vazio’ na Avenida  | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
O maior prejuízo foi o da Mangueira. Uma libélula, que se destacava no último carro, representando Cuiabá como cidade-sede da Copa, ficou presa na torre reservada aos fotógrafos. Resultado: a verde-rosa estourou o tempo e foi punida com a perda de seis décimos.
Outro alerta vermelho é para as comissões de frente coreografadas e com tripés imensos. Elas podem agradar a carnavalescos e ao público, mas deixam as escolas lentas e afetam a Evolução — este ano sorteada como quesito de desempate. “Antes as comissões de frente eram simples e compostas por baluartes.
Hoje o modelo é suicida”, reprovou a pesquisadora Rachel Valença. Para Luiz Fernando Vianna, é preciso valorizar mais bateria, samba-enredo e evolução. “Se a Vila Isabel não tivesse um samba bom, talvez não tivesse ganho”, analisou.
Temas chapa-branca decepcionam
Equilibrar a escolha de enredos com a dos patrocínios é uma da principais contas que as escolas terão que fazer para o ano que vem. “Os jurados rejeitaram enredos de marcas, como o da Mocidade Independente, que fez sobre o Rock in Rio”, opinou Luiz Carlos
Magalhães, colunista do site Carnavalesco. Ele ressaltou que os temas ‘chapa-branca’ devem ficar de fora. “Olha a Grande Rio, que adotou a campanha do Estado sobre os royalties do petróleo. Mas parece que não aprende, já anunciou que o enredo 2014 será Maricá. Não quer ganhar o Carnaval”, previu.
Foto: Andre Mourão / Agência O Dia
Mangueira desfilou com duas baterias e inovou com paradinha tão longa que chegou a confundir o público | Foto: Andre Mourão / Agência O Dia
Dupla bateria na berlinda
As duas baterias da Mangueira — tida como a maior inovação do Carnaval deste ano — ganharam a aprovação dos jurados, com três notas dez, e do público. Mas também ajudaram a escola a atravessar o samba.
“Não sou contra inovações. Porém, as notas baixas em Evolução e Harmonia foram reflexo das duas baterias. Não se pode apostar em um único efeito”, avaliou Luiz Fernando Vianna. Para Rachel Valença, a inovação trouxe problemas. “Foi o acontecimento do ano. As inovações precisam ser feitas. Mas a paradona prejudicou a evolução”, opinou Rachel.