Rio -  Para alegria de muitos pais, acabaram as festas. Nos tempos atuais, é cada vez mais desesperador, para boa parte dos responsáveis, ter que administrar a vida das crianças nas férias, que, na maioria das vezes, não coincidem com a das famílias, hoje com realidades e rearranjos bem diferentes. A volta às aulas é uma bênção. Mas, queridos pais, participem do dia a dia da escola dos seus filhos.
Na minha experiência como professor, percebo como é indispensável para uma boa rotina escolar o diálogo entre a escola e a família, entre os professores e os pais. Muitas vezes, os mestres conhecem muito superficialmente a vida de seus alunos: como vivem, o que fazem fora da escola, como se organizam, o que sentem e pensam. Por outras, são os pais que não têm a mínima noção do envolvimento e comprometimento dos professores, no sentido de promover um dia a dia interessante e cheio de oportunidades de vida para os estudantes.
Se a interface família e escola pudesse ir além da presença dos pais no colégio somente por conta de faltas, violência e notas, todos ganhariam. A escola é e pode ser, sim, um espaço para trocas, vivências e aprendizagens benéficas tanto para as crianças e adolescentes, quanto para os professores e responsáveis.
Os pais têm de participar. Devem conhecer a escola e a proposta de ensino e abrir um canal de diálogo intenso, focado no debate de novas propostas e encaminhamentos, na discussão de impasses e nas cobranças. As escolas públicas que têm o apoio dos pais conseguem desenvolver projetos de forma mais ampla e sensibilizar os governos locais para que cumpram seus deveres quanto à qualidade  e serviço da educação.
O diálogo não é fácil. E muitas vezes são as próprias escolas que preferem não abrir estes canais com os responsáveis. Por isso que faço este chamamento, já que se trata de um direito e, por outro lado, de um dever pais e responsáveis acompanharem a vida escolar de seus filhos e cobrarem por políticas públicas de qualidade. Afinal, quem paga os impostos é a sociedade. Por onde começar? Quem sabe um grupo de discussão fechado nas redes sociais ou uma associação de pais e mestres.
Marcus Tavares é professor e jornalista especializado em Educação e Mídia