Rio -  O Instituto de Segurança Pública (ISP) divulgou nesta semana que a cada três horas, em 2012, pelo menos duas pessoas foram vítimas de estupro no Rio de Janeiro. Um dado que merece atenção, pois embora tenha sido constatada a redução de alguns índices de violência, outros apontaram para o crescimento.
De acordo com o levantamento, foram registrados mais de seis mil casos de estupro no estado, 23,8% a mais que no ano anterior. Na comparação com os demais 38 tipos de crime, monitorados pelo ISP, esse apresentou o maior aumento percentual. Isso significa que, se de um lado a pacificação dos morros, as delegacias para mulheres e leis direcionadas a elas contribuíram para a identificação desses casos, do outro a certificação de que esses crimes continuam acontecendo e aumentando é um problema a ser combatido.
O mesmo estudo demonstrou que houve queda nos índices relacionados aos casos de homicídios dolosos, que tiveram redução de 5,6% de um ano para o outro, o que é positivo, mas longe de ser algo para ser comemorado, afinal a violência contra idosos e crianças também cresceu.
Os estados de São Paulo e de Santa Catarina vivem momentos mais delicados, mas isso não significa que erradicamos a violência no Rio. A pacificação é parte do processo, mas o trabalho é muito mais amplo, e não podemos retroceder.
Embora fique notório que a política de segurança tem mudado o perfil do crime no Rio, ainda há muito a ser feito, e estupro é um dos mais hediondos e inaceitáveis, inclusive pela própria bandidagem. Não podemos permitir que a nossa segurança pública se torne um cobertor curto, amenizando alguns tipos de crime, mas se descuidando com outros. Batalhas já foram vencidas, mas a guerra continua.
Marcos Espínola é advogado criminalista