Rio -  Lar ou só um lugar para dormir? Mesmo numa viagem perfeita, num mundo ideal em que você possa escolher o hotel cinco estrelas com a sua cara para levar sua família, nada deve ser tão precioso quanto voltar para casa. Um tempo longe e, no retorno, redescobrir a tonalidade do amanhecer, o cheiro, a vista da janela de um ângulo que só você vê, o lar, doce lar. Seja naquele quadro do Luciano Huck ou nos programas e livros de arquitetura, é bom perceber que o conforto  emociona.
Quem não sonhou com uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer ou quis uma casa no campo, como nas músicas? Do sonho da casa própria ao desejo de um sofá novo, um tapete fofo ou uma parede recém-pintada: ter para onde voltar, botar a cabeça no travesseiro em seu lugar para viver, é poder acreditar estarprotegido do lado ruim da vida.
Não tem jeito: só vejo bom-mocismo quando na TV uma família humilde consegue transformar um casebre em casa bonita, com colchões novos e espaço organizado para que todos possam viver bem. Choro junto com os moradores, como fazia na ‘Porta da Esperança’ do Silvio Santos, nos anos 80. É você ver que é tão simples ter paz e fazer alguém feliz. E perceber que todos deveriam ter este direito.
No ‘Casa Brasileira’, do canal GNT, as cenas são pura poesia. Assistindo ao episódio de férias dedicado à arquitetura da família Bernardes — Sergio, o filho Claudio e o neto Thiago — não há como não se encantar. É muito bom ver que tem gente com muito dinheiro que sabe gastá-lo de maneira pessoal e bela, valorizando a simplicidade. Projetos que tiram o melhor da natureza, que valorizam os pés-direitos altos, o rústico e ao mesmo tempo — e por isso — são extremamente sofisticados. Que sonho meu que todos valorizassem a simplicidade.
Com dinheiro é fácil? Nem sempre. É preciso ter sensibilidade. É você se mudar e, ao invés do porcelanato branco mais caro, escolher o ladrilho hidráulico ou o taco original do apartamento antigo. Dar seu toque, impor suas cores, fazer sua própria moda, com objetos comprados lentamente e com carinho. É como se cuidasse de um filho e transformasse o seu canto numa mantinha que o envolve, para ter vontade de ficar. Passar mais tempo em casa é se autoconhecer e aprontar cada vez mais o seu ninho. E isso é daquelas coisas que nem Mastercard compra...
E-mail: karlaprado@odianet.com.br