Rio Grande do Sul -  A banda de um dos sócios da boate Kiss, em Santa Maria (RS), Elissandro Spohr, o Kiko, usou fogo em sua apresentação três meses antes do incêndio que matou 238 pessoas na madrugada de 27 de janeiro. A prova está numa foto divulgada nesta sexta-feira pela ex-relações públicas da casa, Vanessa Vasconcellos, e contradiz a versão que Kiko usa hoje para tentar se eximir de responsabilidade pela tragédia.
Em entrevista recente ao ‘Fantástico’, Kiko garantiu que não autorizou a banda ‘Gurizada Fandangueira’ a usar fogos no show que fizeram na boate no dia do incêndio — o músico que usou pirotecnia, assim como Kiko, foram presos. Mas Vanessa, irmã de umas das 238 vítimas fatais, conta que, em 27 de outubro de 2012, a banda ‘Projeto Pantana’, de Kiko, tocou na festa do curso de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) entre duas tochas acesas.
O empresário Kiko (centro) diz não ter autorizado músicos a usar fogos no show na madrugada do incêndio | Foto: Arquivo pessoal
O empresário Kiko (centro) diz não ter autorizado músicos a usar fogos no show na madrugada do incêndio | Foto: Arquivo pessoal
“O Kiko não avisou ninguém, nem os funcionários, nem os organizadores da festa. Todo mundo ficou chocado e algumas pessoas ficaram em pânico”, disse Vanessa nesta sexta, em entrevista ao G1. Ainda segundo a ex-relações públicas da boate, havia mais de 1.200 pessoas na boate. Vanessa trabalhou na Kiss entre dezembro de 2010 e dezembro de 2012, e sua irmã, Letícia, era recepcionista de lá.
Ao G1, o advogado de Kiko, Jader Marques, explicou que a apresentação da ‘Projeto Pantana’ foi só para convidados. “O Kiko preparou a boate para fazer uma gravação de um clipe. Foram pessoas convidadas, amigos dele, em um horário diferente do funcionamento normal da casa. Os fogos utilizados são os permitidos para uma casa noturna, diferentemente da noite do incêndio”, disse o advogado. 
Cidades cancelam Carnaval
Depois da tragédia, pelo menos 13 cidades, incluindo Santa Maria, cancelaram suas festas de Carnaval no Rio Grande do Sul. Os motivos alegados pelas prefeituras foram respeito às famílias das vítimas e cautela para evitar incidentes em locais com multidões.
Na capital, Porto Alegre, é possível que o Ministério Público peça a interdição do local dodesfile das escolas de samba porque o alvará de prevenção de incêndio está vencido. Mas a Prefeitura informa que a estrutura da pista é móvel e que, por isso, a documentação só é emitida às vésperas do desfile.