Itália -  A coligação de centro-esquerda do Partido Democrata (PD), liderada por Luigi Bersani, venceu as eleições legislativas na Itália, concluídas anteontem (24). No Senado, a coligação conquistou 31,63 % dos votos. A coligação de centro-direita (formada pelos partidos Povo da Liberdade e Liga Norte, entre outros), do ex-primeiro-ministro Sílvio Berlusconi, obteve 30,72 % dos votos.
O Movimento Cinco Estrelas, liderada pelo ator e comediante Beppe Grilo, conseguiu 23,72 % dos votos, transformando-se na terceira força política da Itália. O atual primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, da coligação Futuro e Liberdade (FLI) - formada pela União dos Democratas-Cristãos e pelo Democratas de Centro (UDC) - obteve 9,13 % dos votos.
A coligação de Luigi Bersani também conquistou maioria na Câmara Baixa (Câmara dosDeputados), obtendo 29,55% dos votos contra 29,18% da coligação de centro-direita de Berlusconi. Pela legislação italiana, a coligação de Bersani ficará com 340 dos 630 assentos na Câmara Baixa. Mas os números no Senado ainda são incertos, pois é preciso fazer uma contabilidade específica.
Situação delicada
Vitorioso, o líder da coligação de centro-esquerda do Partido Democrata (PD), liderada por Luigi Bersani, disse que a Itália está “em situação muito delicada”. O grupo político de Bersani terá de enfrentar os desafios causados pelos efeitos da crise econômica, como a adoção de medidas de contenção que, em geral, desagradam a população, pois envolvem aumento de impostos e cortes no funcionalismo público.
“A esquerda ganhou na Câmara dos Deputados e mesmo no Senado, em número de votos. É evidente para todos que o país enfrenta uma situação delicada”, disse Bersani. “Vamos gerir com a responsabilidade que as eleições nos deram e no interesse da Itália.”
Impasse eleitoral
o Ministério do Interior italiano confirmou os temores dos mercados internacionais e das lideranças europeias, indicando um possível impasse eleitoral: a centro-esquerda, de Pier Luigi Bersani, venceu na Câmara dos Deputados, mas não obteve maioria no Senado. Após a contagem da quase totalidade das urnas, a centro-esquerda conseguiu uma vantagem de 125 mil votos na Câmara, mas o Senado ficou dividido.
Segundo a imprensa italiana, a coalizão de centro-esquerda tem 31,6% dos votos na Câmara, contra 30,7% obtidos pela centro-direita, de Silvio Berlusconi, 23,8% do Movimento Cinco Estrelas, do comediante Beppe Grillo, e 9,1% do grupo liderado por Mario Monti. No Senado, os últimos números divulgados apontam a conquista de 110 assentos pela coalizão de Berlusconi e 97 pela centro-esquerda.
O impasse força agora a negociação entre as forças políticas do país para tentar criar alianças que possibilitem a formação de um governo com maioria nas duas Casas do Parlamento. Caso isso não ocorra, novas eleições poderão ser convocadas. Como é necessário obter maioria nas duas Casas para aprovar leis, a centro-esquerda vai precisar do apoio do Movimento Cinco Estrelas, do humorista Beppe Grippo, ou da centro-direita do ex-premiê Silvio Berlusconi, o que não é provável.
Grillo deixou claro durante a campanha que não formaria coalizões com nenhuma outra força política. Bersani descreveu a situação como "delicada" e analistas preveem um período de possível instabilidade política no país, o que pode agravar a crise econômica. A votação italiana ocorreu em meio a uma recessão e à implementação de medidas de austeridade, após o governo tecnocrata de Mario Monti ter despertado o ressentimento do público com cortes de gastos estatais.