Rio -  “Perdi meu paizinho de forma violenta. Ele só estava trocando o pneu de sua carroça. Quero justiça!”. Esse foi o desabafo desesperado de José Gregório, filho do aposentado e carroceiro João Gregório Biló, de 68 anos, morto com um tiro no quadril na tarde da última terça-feira, em Costa Barros, Zona Norte do Rio. A família culpa a Polícia Militar, que nega.
Segundo informações de parentes e moradores da região, o idoso estava agachado trocando um dos pneus de sua carroça, na Estrada Fazenda Botafogo, próximo da entrada da comunidade da Quitanda, quando foi atingido.
“O comentário é que policiais do batalhão de Irajá (41º BPM), dentro de um blindado, chegaram atirando e um dos disparos acertou meu pai em cheio. Ele foi socorrido pelo próprio ‘Caveirão’. Não sei se foi confundido com bandido”, comentou José Gregório.
João, que era muito querido no bairro e que trabalhava há 40 anos com pequenos fretes e na venda de madeiras usadas, foi baleado em frente a uma creche. Ele chegou a ser levado para o Hospital Carlos Chagas, mas não resistiu. Paredes de casas próximas foram atingidas. De acordo com testemunhas, foram pelo menos 20 disparos.
Foto: Diego Valdevino / Agência O Dia
Carroceiro João Gregório Biló, 68 anos, era querido na área  | Foto: Diego Valdevino / Agência O Dia
Em nota, a Polícia Militar informou que homens do  41º BPM estavam em operação na comunidade da Quitanda, quando criminosos dentro de uma Picape Triton, de cor preta, atiraram contra a viatura blindada da PM, que não teria reagido.
Ainda segundo a polícia, em local mais a frente foi encontrado o carroceiro  João Gregorio  caído no chão e de imediato foi socorrido. O caso está sendo investigado pela  Divisão de Homicídios da Capital e as armas dos policiais que estavam na operação foram recolhidas pela DH.
Nesta quarta-feira pela manhã, moradores de Costa Barros protestaram contra a morte do carroceiro e fecharam a Estrada da Fazenda Botafogo por alguns minutos.  João Gregório, que deixou a esposa e dez filhos será sepultado nesta quinta-feira no Cemitério de Irajá.