Boate em Santa Maria virou câmara de gás
Espuma que forrava teto da Kiss liberou substância usada nas grandes guerras mundiais
Arigony, que perdeu uma prima na tragédia, disse que, se não fosse a espuma, teria sido incêndio pequeno | Foto: Ronald Mendes / Estadão Conteúdo
Um dos gases que a espuma produz quando entra em combustão é o cianídrico, considerado um dos mais letais. Quando disperso em locais pouco ventilados, ele se adere a tudo o que for úmido, mantendo seu efeito danoso por vários dias. Na Primeira Guerra Mundial esse gás foi utilizado como arma química e, na Segunda Guerra, ele foi usado no extermínio de judeus pelos nazistas.
“Se não fosse essa espuma, teria sido um pequeno incêndio”, afirmou Arigony.
O fogo iniciou durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso no palco de artefatos pirotécnicos não recomendados para locais fechados. Segundo o delegado, a espuma não tinha a aplicação de produto usado para amenizar a fumaça em caso de incêndio. Uma amostra foi recolhida para estudo. O DJ que tocou na boate na noite do incêndio, Lucas Peranzoni, o Bolinha, disse em depoimento ontem que a nuvem negra demorou só 15 segundos para tomar o local.
Ontem, a Justiça de Santa Maria negou liberdade provisória para Kiko. O juiz Afif Simões Neto considerou que não há motivos para desfazer a sentença anterior, que se baseou na necessidade da custódia para a investigação.
Investigação acompanhada pelo Facebook
Marcelo Arigony tem usado uma maneira moderna e pouco convencional para informar a população sobre o andamento das investigações. Em seu perfil do Facebook, que é aberto, o delegado publicou ontem uma foto em que, aparentemente, funcionários da boate Kiss manuseiam equipamentos que disparam labaredas de fogo. Na legenda, ele orienta os internautas para que “tirem suas próprias conclusões". Até 21h de ontem, a foto tinha 1.592 compartilhamentos e 2.043 “curtidas”.
Boate já permitia uso de artefatos pirotécnicos durante festas | Foto: Reprodução Internet
A partir de hoje, sites que venderem ingressos para festas em locais do Rio que não estiverem em condições seguras de funcionamento receberão multas de R$ 100 mil a R$ 6,2 milhões. A regra será publicada hoje pela prefeitura, no Diário Oficial.
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