Rio -  As principais economias do mundo (Brasil inclusive) terão um ano decisivo na busca da retomada do crescimento e do emprego. E precisará conciliar a austeridade que o momento exige com grande dose de responsabilidade das lideranças políticas, sindicais e empresariais. O grande risco passa por alterações políticas arriscadas, radicalismo sindical e ordem pública sem controle, que só podem agravar uma situação de alto risco.
Aqui, tem o agravante de imperiosa necessidade de pesados investimentos públicos em transporte e energia, mesmo com o baixo crescimento. A infraestrutura está defasada, metrópoles precisam urgentemente de seus arcos rodoviários, e não se pode interromper projetos de vulto, como os metrôs em andamento. E há a questão dos aeroportos, que precisarão de recursos privados; não só de financiamentos oficiais.
Cabe lembrar que nossas contas já são observadas com desconfiança pelos mercados, que os projetos públicos, a começar pelo PAC, estão lentos, muitos sujeitos a dificuldades burocráticas e ambientais inexplicáveis. Os estados e municípios terão dificuldades na arrecadação e no pagamento da dívida. Não existe espaço para aumento de impostos. Mas só a queda no ICMS das contas de energia basta para complicar os estados.
O mais preocupante nessa conjuntura difícil é a falta da percepção das forças mais influentes nos destinos nacionais de que os fatos pedem medidas ousadas. Só assim a máquina da economia ganhará velocidade, retomando o crescimento e ocupando a mão de obra. Para tal, precisamos de um choque de puro capitalismo, pela via fiscal, dasgarantias jurídicas, das leis trabalhistas, da ordem pública e da confiança da nação. Necessitamos de coragem para enfrentar o barulho elitista e preconceituoso dos que ainda vivem utopias ideológicas, distantes da realidade e, mesmo que inconscientemente, alheios às angústias da população, que, sem dúvida, tem melhorado de vida e não quer um retrocesso.
Seria ainda o momento de, com o capital a ser atraído, criar facilidades para a vinda de mão de obra qualificada, que, na verdade, representa um valor real, mas invisível a ingressar no Brasil. O que pode nos levar a ficar para trás será a fraqueza diante das ameaças à ordem pública. Afinal, há anos não entra um centavo no Egito nem na Venezuela. E os resultados são conhecidos.
Jornalista