Rio -  O incômodo das balas perdidas volta a desafiar as autoridades policiais. Recentemente cinco mulheres foram atingidas no Rio, onde três morreram com tiros na cabeça e nas costas, respectivamente. Uma no interior de um ônibus e outra ao sair de um táxi. Uma terceira, na noite do Réveillon, levou um tiro que por sorte não perfurou o crânio. Outra, grávida, foi ferida de raspão em casa, além da menina de 10 anos, gravemente ferida, no período do Natal, que acaba de falecer. Ao que tudo indica foram vítimas das balas sem rumo e mortais, algumas saídas das armas de traficantes.
Este ainda é o preocupante grau de letalidade de perigosos narcoterroristas que prosseguem, desafiando o poder público e expondo a dano potencial a vida de qualquercidadão, apesar do sucesso das UPPs e da dura repressão policial.
Jacarezinho e Manguinhos foram dois importantes territórios recuperados, onde UPPs serão instaladas brevemente. Porém, drogas e armas de guerra continuam penetrando através de nossas vulneráveis fronteiras e chegando a morros e favelas do Rio ainda não pacificados. A doutrina narcoterrorista, ainda que enfraquecida de tempos pra cá, não sucumbiu na essência. Tenta, a todo custo, manter-se atuante, através de focos de resistência, implantando o medo e o terror em algumas comunidades, sem falar na guerra entre as diferentes facções pela tomada de pontos do comércio de drogas, como recentemente em Vigário Geral e Parada de Lucas.
Estamos, sem dúvida, diante de uma criminalidade atípica e de difícil combate, com características sui generis. Cabe ao aparelho policial, através da ação proativa, com os dados da inteligência policial, nesta violenta guerra, debelar tais focos de resistência, reduzindo assim a possibilidade de ocorrência de novas tragédias. O preço da paz social é a eterna vigilância. Não há dúvida.
Tenente-coronel da Reserva da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro