Rio -  Em 2010, Marina Lima trocou o Rio, onde nasceu, por São Paulo. Na próxima quarta-feira, porém, a cantora volta à capital carioca em dose tripla: no Centro Cultural João Nogueira, no Méier, ela faz show, inaugura exposição sobre sua vida e lança o livro ‘Maneira De Ser’ (ed. Língua Geral, R$ 53, 232 págs.), uma autobiografia nada ortodoxa. “Considero meu trabalho musical muito original. Daí, não queria fazer uma biografia comum, cronológica. Não queria contar minha vida toda, mas tornar públicas algumas coisas que me interessam”, explica.
Cantora fala de mudança na voz | Foto: Divulgação
Cantora fala de mudança na voz | Foto: Divulgação
Marina sempre falou abertamente sobre assuntos polêmicos, como sua bissexualidade, drogas e política, e no livro não é diferente. “Ser autêntica tem um preço. Aliás, tudo na vida tem um preço, até não ser verdadeiro. Mas vale a pena. Quando você tem a coragem de se expor, por mais que traga algum risco, a gente se sente contribuindo, ajudando as pessoas a formarem a sua própria opinião e de repente mudar o mundo. Essa sensação é que não tem preço”, define.
Na publicação, ela só não expõe os reais motivos que causaram a nítida mudança que ocorreu em sua voz — fato sempre creditado à uma assumida depressão que teve nos anos 90. “Nunca falei disso porque demorei muito para descobrir o que houve. Tive depressão realmente e, na mesma época, peguei uma gripe forte e tive que fazer uma aspiração de pus na garganta, mas não dei muita importância a isso. Mesmo depois que a depressão passou, continuei a sentir dificuldade de cantar, de respirar até, mas só recentemente descobri que havia uma fenda na minha garganta. Só pode ter sido causa de um erro médico naquela ocasião, afinal, como uma fenda aparece de uma hora para outra na sua garganta?”, questiona. “Não tenho raiva do médico, tive uma frustração, claro, mas fiquei acima de tudo aliviada por perceber que o problema da voz não era coisa da minha cabeça”.
Símbolo sexual
Sua voz rouca é uma de suas marcas. Mas não a única: Marina Lima sempre gostou de moda e lançou tendências. “Sapatos são meu ponto fraco, mas também curto muito roupas e maquiagem. Presto atenção e garimpo o que me cai bem”, relata. “A moda traduz muito o que você é, indica a que tribo você pertence ou ao menos qual seu estado de espírito naquele dia”.
No auge da fama, ela foi considerada símbolo sexual, indo parar até na capa da ‘Playboy’. “Não me achava isso, não. Mas foram me convencendo que eu era, e a parte mais chata da minha vida foi quando acreditei nisso. Fiquei meio mascarada, não foi bom para mim. Não posaria nua de novo. Foi importante quando eu tinha 44 anos, mas agora, aos 57, no máximo posso pensar em um dia fazer um daqueles ensaios sensuais. Mas nua, não”, decreta.
Mostra É Show
A exposição sobre Marina Lima leva o mesmo nome de seu livro, ‘Maneira de Ser’, e fica três meses em cartaz no Centro Cultural João Nogueira. “Acho que o grande destaque da mostra será a exibição, em uma sala especial, do DVD que registra meu show ‘Primórdios’, dirigido por Monique Gardenberg em 2006 e que nunca foi lançado”, antecipa. “Depois que sair de cartaz, acho que vou querer lançar esse DVD oficialmente. Tenho também outro DVD inédito, prontinho, do meu show mais recente, ‘Clímax’. Penso em lançar uma caixa dupla com esse material todo”, anuncia.
No mesmo dia da estreia da exposição, quarta-feira, Marina Lima canta seus sucessos no Imperator — a sala de shows do Centro Cultural João Nogueira. A apresentação marca sua volta ao palco da Zona Norte depois de mais de 20 anos. Foi lá que, em 1991, ela fez o show de lançamento do disco ‘Marina Lima’. “Este foi o primeiro disco em que assinei ‘Marina Lima’ (antes ela usava apenas Marina)”, ressalta.
“A Letícia Novaes, do grupo Letuce, vai cantar ‘Grávida’, vai ser muito especial”, conta, quase confundindo o repórter, que se surpreende ao achar que a Letícia está esperando bebê. “Não!”, descarta ela, às gargalhadas. “Ela vai cantar a minha música ‘Grávida’”, explica. Ah, bom!