Rio -  Um exame nos milhões de reais destinados a ONGs de atividade duvidosa — e, pelo já apurado, até com endereços falsos —, é fácil se verificar que faltam boa-fé e boa-vontade nos gestores de recursos públicos. Pelo jogo de influências, destina-se dinheiro a instituições criadas para gerar empregos aos idealizadores e suas famílias. Ou para atender a objetivos meramente políticos.
Contrastando com esse quadro, verifica-se que o Rio tem instituições beneméritas com décadas de serviços prestados por abnegadas voluntárias, mães de família idealistas e de nobres intenções. Ou por brasileiros, que não se negam a contribuir para o alívio dos menos favorecidos, que vivem da contribuição ou do trabalho pessoal de pessoas com um mínimo de sensibilidade.
Na Zona Sul, existem instituições que precisam ser mais bem conhecidas e ajudadas. Por exemplo: a Obra do Berço, fundada por alunas do Colégio Sion nos anos 30, com terreno doado por Darcy Vargas e sede projetada sem ônus por Niemeyer; Pequena Cruzada, à qual se dedicou Lea Afonseca Duvivier, na Lagoa; Ambulatório da Praia do Pinto, trabalho de toda a vida de Audrey Mason; a ABBR, nascida por doação de Percy Murray e que sobrevive graças à dedicação do presidente, Deusdedith Nascimento, e grupo de voluntários, que tem como referências Malu Rocha Miranda, Ligia Lowndes e Mariza Murray, entre outras. A ABBR, talvez, seja a entidade filantrópica brasileira com maior número de contribuintes, mais de 20 mil, com valores módicos, mas significativos pela intenção. É preciso que as novas gerações assumam este papel, incluindo empresas tão generosas em outros tipo de gastos. A Light, que conta com a simpatia popular, certamente tem na base deste conceito, além dos serviços que presta há mais de um século, presença constante no apoio a entidades beneficentes.
Muitas instituições precisam ser reerguidas, como a Pró-Matre, que contou por décadas com a dedicação de Gilda Sampaio — e foi onde nasceu o ex-presidente FHC — e a Casa do Pequeno Jornaleiro, de D. Darcy Vargas e sua filha Alzira Amaral Peixoto, ambas buscando uma liderança para a continuação da prestação destes serviços, a um custo controlado e com base no mais bonito voluntariado. Seriam governos a entrar na história os que destinassem a esta gestão exemplar recursos de fins sociais.
Jornalista