Rio -  Uma das preferências contra o forte calor no Rio, o chope gelado tem deixado cariocas com muita dor de cabeça. Não pelo excesso.

Muito pelo contrário: a ausência do produto é que está enlouquecendo consumidores e, sobretudo, donos de bares e restaurantes da Zona Norte, como antecipou o  "Informe do DIA".

O pivô do problema é a Ambev (Companhia de Bebidas das Américas), a gigante multinacional responsável pela distribuição do chope da Brahma, o mais consumido nacidade, além de outras 17 marcas de cerveja.
Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Os amigos Hugo Melo, Ygor Augusto e Leonardo, frequentadores do Bar da Amendoeira, em Maria da Graça, reclamam da falta do chope gelado | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
“Compro cerca de 40 barris por semana. Encomendei os meus na segunda-feira retrasada e só chegaram hoje (quarta-feira). Fiquei sábado, domingo, segunda e terça sem chope. E como não vendo cerveja, estou a ponto de fechar as portas”, esbravejou Carine
Rezende, dona do Bar da Amendoeira, em Maria da Graça, um dos 14 botecos decretados nesta quarta-feira, pelo prefeito Eduardo Paes, patrimônio cultural da cidade.

O tradicional Adonis, de Benfica, conhecido justamente pela qualidade do chope e que figura na lista da prefeitura como patrimônio carioca, engrossa o coro dos descontentes de bico seco.

“A distribuição da Ambev é péssima. A gente pede dez barris e eles entregam quatro. Se pedir quatro, não entregam nenhum. Uma hora dizem que o consumo aumentou demais, depois que foi um problema na luz, na água. Enquanto isso, nós pagamos a conta”, diz Joaquim Antero, proprietário do Adonis.

Novo point do prefeito Eduardo Paes, o Cachambeer, no Cachambi, precisou promover um "tuitaço" nas redes sociais. “Foi tanta gente reclamando, que a Ambev ontem me buscou em casa, quase no colo, para resolver o problema. Mas eu não quero colo. Quero chope. Eu não vendo colo no bar”, disse Marcelo Novaes, dono do estabelecimento.

Procurada pelo DIA, a Ambev informou que o problema se deveu à alta demanda no Cachambi, Zona Norte, e prometeu normalizar o abastecimento ainda hoje.

Brasileiros beberam menos em 2012, aponta estudo

O brasileiro consumiu menos cerveja em 2012 do que no ano passado, de janeiro a outubro, segundo estudo da Nielsen. Apesar de ser uma queda de apenas 0,4%, o mercado está com a luz amarela acesa, apostando tudo nas festas de fim de ano e no verão para que o mês de dezembro recupere o fraco consumo.

A CervBrasil, Associação Brasileira da Indústria da Cerveja, põe a culpa pelo resultado na falta de dinheiro na mão da população. Outro ponto que impactou na compra da cerveja foi o reajuste de preço durante o ano.

A alta se deve ao impacto inflacionário e a um problema de longa data do setor, o custo da matéria-prima. Como 60% do custo provêm de produtos importados e pagos em dólar, a indústria de cerveja teve aumento no valor da produção, repassado ao consumidor.

O estudo mostrou que a classe C está abrindo mão das cervejas mais requintadas e retornando às marcas tradicionais e mais baratas.

“O setor premium está há três meses estacionado. O brasileiro é muito tímido neste segmento. Para se ter uma ideia, na Argentina representa 14% do mercado, aqui é apenas 4%”, ressalta Paulo Macedo, diretor da CervBrasil.