Rio -  Policiais do 2º BPM (Botafogo) prenderam, nesta quinta-feira, Bruno Mendonça de Lima suspeito de assaltar e balear um jovem de 23 anos, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, conforme O DIA divulgou com exclusividade. Bruno foi preso próximo a uma praça do bairro, na Avenida Princesa Isabel.
De acordo com os PMs, ele foi identificado como ladrão que comete assaltos na região e seria apontado como o bandido que assaltou o jovem e a irmã, de 24 anos, no mesmo local em que foi preso. O suspeito foi levado para a 12ª DP(Copacabana).
O crime aconteceu na tarde desta quarta-feira. O rapaz de 23 anos foi baleado na cabeça ao tentar defender a irmã, 24, que teve a bicicleta roubada por um homem armado. Por sorte, o tiro pegou de raspão perto da sobrancelha, e ele escapou da morte. Os dois seguiam pela ciclovia no Túnel Novo, no sentido da Avenida Princesa Isabel.
Moradores do bairro da Zona Sul reclamam que assaltos a pedestres se tornaram frequentes. Armados com facas e revólveres, os assaltantes, muitos deles travestis ou menores de idade, escolhem quase sempre adolescentes, mulheres e idosos como vítimas.
Foto: Estefan Radovics / Agência O Dia
Rapaz tentou defender a irmã e acabou ferido por disparo de raspão na cabeça | Foto: Estefan Radovics / Agência O Dia
No recente exemplo da rotina de violência no bairro, os irmãos G. e B. (os nomes foram omitidos a pedido das vítimas) pedalavam pela galeria do túnel quando a jovem foi abordada por um homem com um revólver 38. Ele queria a mochila e a bicicleta da vítima. O rapaz, que pedalava mais à frente, decidiu reagir e voltou em direção ao bandido.
“Quando meu irmão reagiu, o ladrão, já com a minha bicicleta, disparou duas vezes contra ele. Foi tudo muito rápido e assustador”, contou a vítima, ao lado do irmão, ferido e bastante ensanguentado. O rapaz, que mora em Laranjeiras, passa bem. O caso foi registrado na 12ª DP (Copacabana).
 
No ponto de ônibus
Os assaltos são constantes nas cercanias do Túnel Novo, relataram moradores e comerciantes. Nesta quarta-feira, por volta das 14h30, um bandido levou a bolsa de uma mulher que estava no ponto de ônibus antes do túnel. “Ele a puxou e saiu correndo. Até avisei à polícia, mas já era tarde demais”, contou o motoboy Marcelo José de Oliveira, 36 anos.
Bandidos se misturam a moradores de rua como tática para atacar
Muitos assaltantes que atuam em Copacabana podem estar se misturando a moradores de rua para cometer crimes. O alerta é do presidente da Sociedade Amigos de Copacabana (SAC), Horácio Magalhães.
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
G. é socorrido por médicos e enfermeiros em veículo do Corpo de Bombeiros: crime aconteceu à tarde | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
A tática dos criminosos se beneficia de um recente Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) acordado entre o Ministério Público Estadual e a Prefeitura do Rio. “Esse TAC retirou o apoio da Polícia Militar às operações de recolhimento de moradores de rua.
Hoje, os profissionais da Secretaria Municipal de Assistência Social atuam sozinhos e são constantemente afrontados por criminosos que se misturam à população de rua”, diz ele.
Horácio presenciou um incidente entre assistentes sociais e moradores de rua na sexta-feira, por volta das 20h30, na Avenida Atlântica. “O calçadão estava lotado e um dos rapazes abordados sacou uma faca e ameaçou um assistente social. Ela teve de voltar correndo para a van e o rapaz não foi desarmado”, conta Horácio Magalhães.
Cordão escondido na boca após o roubo
Com medo, moradores vêm adotando medidas preventivas. Pelas ruas, é comum perceber idosos com bolsas trançadas e mulheres atentas. Nos pontos de ônibus, alvo de pivetes, a atenção é permanente.
Foto: Arte: O Dia
Arte: O Dia
“Uso a bolsa colada ao meu corpo e não levo dinheiro nela. Outro dia vi um garoto roubando o cordão de uma mulher e colocando na boca. Eles fazem isso para ninguém achar caso sejam pegos”, disse Clarice de Almeida, 68.
“Eles agem ou pela manhã, bem cedinho, ou no final da tarde”, conta a professora Maria Emília Martins, 68. Comerciantes não sabem mais o que fazer. “Em dia de praia é assalto a toda hora”, revela uma jornaleira. “Há pouco tempo fechei as portas pois a aglomeração de marginais no ponto de ônibus era grande”, detalha vendedor de salgados da Rua Francisco Sá.
Seguranças de supermercado alertam clientes sobre suspeitos
Um dos alvos dos ladrões é a saída de um supermercado na esquina de Rainha Elisabeth com Bulhões de Carvalho. Os seguranças do estabelecimento alertam fregueses para grupos de menores suspeitos que ficam à espera para "dar o bote" nas imediações.
Para fugir da ação policial, assaltantes estariam fazendo "rodízio" pelas ruas. “Já avisei à Guarda Municipal e à PM que eles agem sempre nas ruas Bolívar, Domingos Ferreira e Aires Saldanha”, revela Myriam de Pinho Barbosa, presidente da Associação dos Moradores Amigos de Copacabana (Amacopa).
O comandante do 19º BPM (Copacabana), tenente-coronel Cláudio Costa, afirmou que o número de roubos a transeuntes está em queda no bairro. “Ações como a do rapaz baleado hoje (quarta-feira) eu nunca tinha visto, em 15 meses, no bairro”, informou.

Colaborou Alexandre Medeiros