Rio -  A morte da dona de casa Juliana Paula Silva, de 26 anos, quinta-feira, em Goiânia, após fazer uso de um medicamento para emagrecer traz de novo a discussão sobre os riscos da beleza a qualquer custo. Segundo familiares, desde o início do mês, a jovem vinha usando inibidores de apetite à base de sibutramina e de fluoxetina que, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, (Anvisa) são de uso restrito.
“A junção desses medicamentos já dá um claro indício de que, infelizmente, não foi um médico sério que prescreveu isso. Precisamos ficar atentos e combater esses profissionais irresponsáveis e mercenários que acham que estão aptos a tratar o problema do excesso de peso e da obesidade”, alertou Carmem Regina de Assumpção, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. (SBEM).
Juliana usava inibidor de apetite de sibutramina, restrita pela Anvisa | Foto: Arquivo pessoal
Juliana usava inibidor de apetite de sibutramina, restrita pela Anvisa | Foto: Arquivo pessoal
Segundo ela, é importante verificar no site da SBEM (www.endocrino.org.br) se o médico tem a titulação da sociedade: “Não adianta recorrer a fórmulas mágicas para emagrecer. Isso traz um alto risco à saúde.”
Outro perigo é a realização de cirurgia plástica sem cuidados prévios. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), nos meses de dezembro e janeiro, a procura aumenta entre 30 e 50%. Os procedimentos mais procurados são a lipoaspiração e a prótese mamária, que juntos correspondem a 70% dos atendimentos. Mas, para ter segurança no procedimento, os especialistas dizem que é preciso não descuidar de alguns itens básicos, como por exemplo a verificação de que o médico vai realizar o procedimento cirúrgico em um hospital equipado com UTI.
CHECAGEM DO PROFISSIONAL
Para Rogério Figueira, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, outra importante recomendação é a certificação de que o seu médico tem a titulação de cirurgião plástico: “No site da SBCP (wwww.cirurgiaplastica.org.br) tem uma lista com mais de cinco mil nomes dos profissionais em todo o país.”
De acordo com um levantamento feito pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo, 97% das reclamações sobre cirurgia plástica são contra profissionais não especialistas na área.
Vítimas da plástica malfeita
No começo do mês, uma modelo de 24 anos morreu após passar por uma cirurgia para colocar prótese de silicone nos seios, no Hospital Buriti, no Parque Amazônia, em Goiânia. Louanna Adrielle Castro Silva sofreu uma parada cardíaca e teve de ser transferida para outra clínica, pois não havia Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no hospital onde operou.
Ainda em dezembro, a motorista de caminhão, Maria Irlene Soares da Silva, 43 anos, morreu em São Paulo após uma forte hemorragia causada por perfuração na região do abdome. Ela havia se internado para fazer lipo, colocar silicone nos seios e enxerto nas nádegas.