Índia -  Morreu nesta sexta-feira a indiana vítima de estupro coletivo, dia 16, caso que chocou o mundo e levou a uma série de protestos na Índia. “Lamentamos informar que a jovem morreu às 4h45. Sua família e autoridades indianas estavam ao seu lado”, disse em um comunicado Kelvin Loh, diretor-executivo do hospital Mount Elizabeth, em Cingapura, para onde a estudante foi levada de helicóptero no dia 26.
Hospital anunciou morte da indiana vítima de estupro coletivo | Foto: EFE
Hospital anunciou morte da indiana vítima de estupro coletivo | Foto: EFE
A jovem de 23 anos passou por três cirurgias, incluindo um procedimento de retirada de parte do intestino delgado, mas não resistiu. Ela foi estuprada por quase uma hora, espancada e jogada de um ônibus em movimento.
Autoridades tentam impedir protestos
As autoridades indianas bloquearam, na última segunda, o movimento no centro da capital, Nova Délhi, fechando ruas e estações de trem, em uma tentativa de restaurar a lei e a ordem depois que a polícia enfrentou manifestantes enfurecidos pelo estupro da estudante. O bloqueio de ruas por milhares de policiais armados e tropas paramilitares têm o objetivo também de evitar que os manifestantes marchem para o palácio presidencial.
Em um raro discurso na televisão, o primeiro-ministro Manmohan Singh pediu calma depois dos confrontos do último fim de semana e prometeu punir os responsáveis pelo "monstruoso" crime de estupro. O governo de Singh, frequentemente acusado pelos críticos de estar distante das aspirações da maioria dos indianos, foi pego de surpresa com a profundidade da indignação popular.
Protestos sacudiram o país em uma onda de revolta contra a brutalidade do crime e pedindo o fim da violência contra as mulheres | Foto: EFE
Protestos sacudiram o país em uma onda de revolta contra a brutalidade do crime e pedindo o fim da violência contra as mulheres | Foto: EFE
Os protestos se intensificaram rapidamente e se espalharam para outras cidades. A Índia é considerada um dos lugares mais perigosos do mundo para as mulheres . Em vez de canalizar a indignação, o governo se viu na defensiva por causa do uso da força contra os manifestantes e as queixas de que pouco tem feito em seus oito anos no poder para criar um ambiente mais seguro para as mulheres.
São os maiores protestos na capital desde 2011, quando houve manifestações contra a corrupção que abalaram o governo. "As pessoas não estão reagindo a apenas a um caso de estupro. Eles estão agindo assim por causa do mal-estar geral, da frustração com as autoridades. Há um sentimento de que a liderança é completamente desconectada (da população)", disse o analista político Neerja Chowdhury.
A polícia armou barricadas nas estradas que levam ao India Gate, um imponente memorial de guerra no estilo do Arco do Triunfo, no centro da cidade, que se tornou um centro dos protestos, em sua maioria de universitários. Várias estações de trem foram fechadas, paralisando toda a cidade e seu entorno, onde há 16 milhões de habitantes.
Os protestos ofuscaram um visita oficial do presidente russo, Vladimir Putin, e interromperam sua programação.
A vítima do ataque de 16 de dezembro, uma moça de 23 anos, foi espancada, estuprada por quase uma hora e jogada para fora de um ônibus em movimento, em Nova Délhi.
No fim de semana, a polícia usou cassetetes, gás lacrimogêneo e canhões de água contra os manifestantes no entorno da capital. Protestos e vigílias à luz de velas também ocorreram em outras cidades da Índia, mas essas demonstrações têm sido mais tranquilas.
"Apelo a todos os cidadãos interessados em manter a paz e calma. Garanto-lhes que faremos todos os esforços possíveis para garantir a segurança das mulheres neste país", disse Singh no discurso televisionado à nação.
Singh vem sendo criticado por ter permanecido em silêncio desde o estupro. Ele emitiu uma declaração pela primeira vez no domingo, uma semana após o crime. A líder do Partido do Congresso, que detém o governo, Sonia Gandhi, reuniu alguns dos manifestantes para ouvir suas demandas.