São Paulo -  A nova distribuição de verbas da Lei Agnelo/Piva para 2013 , anunciada nesta quinta feira pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro) trouxe um pequeno aumento em relação ao que foi repassado em 2012, mas nada mudou em relação ao percentual entre as confederações olímpicas brasileiras. Assim, continuam recebendo a maior fatia do bolo os esportes que tradicionalmente ganham mais, como atletismo, desportos aquáticos, judô, vela e vôlei. Ainda assim, entre algumas das modalidades que receberão uma verba menor no próximo ano, não houve qualquer sentimento de revolta ou descontentamento.

"Nunca estamos satisfeitos quando os repasses da Lei Piva são anunciados, essa é a verdade, sempre queremos mais. Porém, não faço comparações com outras modalidades, como o hipismo, por exemplo. Afinal, quantas vezes eles já não ganharam medalhas de ouro e já subiram ao pódio representando o Brasil? Eles têm um valor muito grande", disse Mauro José da Silva, presidente da CBBoxe (Confederação Brasileira de Boxe).
Foto: André Mourão / Agência O Dia
Algumas modalidades olímpicas são menos favorecidas | Foto: André Mourão / Agência O Dia
Após quebrar um jejum de 44 anos sem conquistar uma medalha oímpica, o boxe do Brasil saiu dos Jogos de Londres com três medalhas, uma de prata e duas de bronze. Mesmo assim, levou menos dinheiro (R$ 2,6 milhões) do que o hipismo (R$ 3,3 milhões), que passou em branco na Grã-Bretanha.

"De repente, por um problema momentâneo, no qual eles não foram felizes, não acho justo desmerecer um esporte por ter recebido uma verba maior do que a minha. Gostaria que todas as confederações estivessem no mesmo patamar e recebessem os mesmos valores. Mas o COB tem sua linha de trabalho e eu respeito isso", explicou o dirigente.

Outro esporte que obteve um belo resultado em Londres 2012 , o pentatlo moderno terá em 2013 um total de R$ 1,7 milhão como repasse das leis das loterias federais. Menos, por exemplo, do que o remo, que ganhará R$ 2,2 milhões e teve uma atleta flagrada no doping nos Jogos Olímpicos (Kyssia Cataldo). Nada que seja considerado como fora do comum por Yana Marques, dona da inédita medalha de bronze nas Olímpiadas britânicas.


"Não sei se o cálculo é baseado no resultado ou no número de atletas de uma entidade. Mas se for neste último caso, o pentatlo moderno ainda é um esporte com pouquíssimos atletas no Brasil. Temos cerca de 500, 600 atletas em Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Logo, outras modalidades com mais atletas, mesmo sem ter obtido resultados, podem merecer receber mais", disse Yane. "Não me sinto injustiçada como atleta do pentatlo diante dessa divisão", afirmou.

Espírito Olímpico: Os tortuosos e injustos critérios do COB

No caso de Yane, inclusive, o repasse feito à CBPM (Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno) nem chega a afetar diretamente sua preparação. Ela é integrante do Time Brasil, grupo de atletas que tem sua preparaçãocusteada pelo COB. "Eu mesma nem dou despesa para a Confederação", brinca a pentatleta.

Em relação à lista de repasses de 2012, quem também saiu perdendo foi o handebol. Depois de ficar com o teto máximo de verba neste ano (R$ 3,2 milhões), a modalidade receberá um pouco a mais (R$ 3, 3 milhões), mas ocupando a segunda faixa nos repasses. Tudo encarado com naturalidade pela CBHb (Confederação Brasileira de Handebol).

"Sabendo dos critérios do COB, nós aceitamos a distribuição. Entendemos que essa redução foi por conta de não conseguirmos a vaga para os Jogos Olímpicos no masculino e diante disso, vamos buscar resultados para voltarmos ao primeiro patamar", explicou o presidente da entidade, Manoel Oliveira.
Reportagem de Marcelo Laguna, do iG