Rio -  A menina Adrielly dos Santos Vieira, de 10 anos, baleada na cabeça na véspera de Natal, foi transferida na tarde desta quinta-feira para o CTI do Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio. A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde. Segundo o órgão, o estado de saúde dela apresentou estabilização, mas ainda é considerado grave.
Adrielly foi atingida por uma bala perdida na comunidade Urubuzinho, em Pilares, Zona Norte do Rio. Ela estava internada desde então no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, também na Zona Norte, onde esperou oito horas para ser atendida na ocasião do incidente. O neurocirgurgião Adão Crespo Gonçalves, que estava de plantão na ocasião, faltou ao trabalho.
O diretor-geral do Salgado Filho, Conrado Norberto Júnior, prestou depoimento na 23ª DP (Méier) na tarde desta quinta-feira.
Paes chama médico de "delinquente"
Crespo foi chamado nesta quarta-feira de "delinquente" pelo prefeito Eduardo Paes. “Tem que demitir esse médico irresponsável. Não dá para a pessoa estar escalada para o plantão e simplesmente não aparecer. Acho até que ele tinha que responder criminalmente pela ausência”, disse Paes, em Brasília, onde se reuniu com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Marco Vieira e Adriana Santos, pais da vítima, deixam a 23ª DP (Méier) | Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Nesta quarta, a polícia enviou requerimento para que o hospital apresente quatro médicos para prestarem depoimento. A intimação refere-se a Adão; Enio Eduardo Lopes, chefe do plantão; e outros dois médicos que estavam na unidade depois que a menina chegou. O delegado Luiz Archimedes, da 23ª DP (Méier), abriu inquérito para apurar se houve omissão de socorro.
Caso seja indiciado e condenado, o neurocirurgião pode pegar pena que varia de um mês a 1 ano e meio de detenção. Pais da vítima prestaram depoimento nesta quarta.
A direção do hospital também vai instaurar inquérito administrativo. O pai da vítima, Marco Antônio Vieira, pretende entrar na Justiça. “Primeiro, quero sair do hospital com a minhafilha, do jeito que ela era. Eles têm de pagar pela negligência e irresponsabilidade. Isso não vai ficar assim”.