Rio -  Uma partida de basquete mudou para sempre a história do futebol. Em agosto de 1942, o cenário esportivo do bairro de Botafogo, Zona Sul do Rio, dividia-se em duas agremiações: o Clube de Regatas Botafogo, que ficava na praia, e o Botafogo Football Club, localizado na rua General Severiano. Separados por cerca de um quilômetro e com nomes parecidos, os clubes, rivais, disputavam a hegemonia de sócios na região. Mas um triste episódio, que os fundiu há 70 anos, será relembrado neste sábado, às 12h, no "Feijão no Fogão", no Engenhão.

Muito antes de Garrincha, o jogador de basquete Armando Albano marcou o seu nome na memória do Glorioso. Atleta olímpico e um dos cestinhas do Football Clube, ele chegou atrasado para o jogo contra o Regatas, dia 12 de agosto, no Mourisco. Mas conseguiuentrar em quadra ainda no primeiro tempo, pouco antes de sofrer um mal súbito no intervalo do jogo.

“Curiosamente, ele não fez nenhuma cesta. Ele se abaixou para pegar uma bola e caiu passando mal”, conta o jornalista Rafael Casé, autor do livro "Como esta estrela veio parar no meu peito", que revela detalhes da fusão e da morte de Albano.

Rafael narra que, desacordado, Albano foi levado à enfermaria e a partida recomeçou, mas logo foi interrompida com a notícia da morte do jogador. O time de Albano vencia por 23 a 21, e os atletas do Regatas abdicaram do direito de lutar pela vitória para homenageá-lo.

“A comoção foi grande e o estopim para a fusão. Os clubes concluíram que não poderiam continuar separados”, explica Rafael.

Em 8 de dezembro de 1942, a fusão foi sacramentada. A estrela do escudo do clube de regatas passou também a ser estampada no peito dos jogadores do time de futebol e as cores preta e branca - comum aos dois clubes - foram mantidas, nascendo o Botafogo de Futebol e Regatas.

A camisa usada por Albano no trágico jogo foi preservada e será doada ao Alvinegro no evento deste sábado, que reunirá torcedores de todo o Brasil.