Rio -  Um amante do samba: É assim que se caracteriza Alexandre Magrão, ex-diretor geral de harmonia da Império da Tijuca e atual integrante da Harmonia da Vila Isabel. Há 28 anos dentro do mundo do samba, Magrão pode se considerar dono de um currículo vitorioso no carnaval carioca, mas prefere não estabelecer sua ligação ao grande espetáculo através do trabalho, e credita à sua avó toda a paixão que tem pelo samba.

"A minha história no samba começou quando eu era bem garoto, deveria ter uns cinco ou seis anos, que minha vó me levava em diversas rodas de samba, que eram chamadas de 'batucadas', desde então eu passei a admirar muito este ritmo. Aos 14 anos eu me encantei pela União da Ilha do Governador, que é a minha escola de coração, e acabei virando ritmista, sob o comando de Odilon e Paulão", declarou ao DIA na Folia.
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Casal trabalha junto no carnaval | Foto: Reprodução Internet
Após dar o pontapé inicial na Marquês de Sapucaí aos 14 anos, como ritmista da União da Ilha, Magrão já ocupou diversos postos dentro de uma escola de samba, mas não deixa nenhum cargo ultrapassar seu amor ao carnaval. De ritmista à diretor de harmonia, Magrão não escondeu todo o seu desenvolvimento no Samba, e revelou que sua primeira vez como harmonia foi um grande aprendizado, ao lado das baianas.

"Depois de alguns anos como ritmista, mesmo não sendo um músico de primeira (risos), acabei tendo que me afastar da União por motivos de trabalho. Como eu morava em Duque de Caxias, surgiu um convite da Grande Rio, onde fiz minha estreia na harmonia, justamente na ala das baianas. Nada melhor do que começar aprendendo e convivendo com as 'tias'. Lá convivi com grandes nomes como Candimba, Robertinho Coca-cola, Mestre Chope, e outros incríveis professores com quem aprendi muita coisa", revelou.

Campeão em várias escolas

Mas a ligação de Magrão com o samba não parava por aí, o torcedor da União da Ilha chegou a fazer parte da harmonia de outras sete agremiações, sendo campeão pela Cubango, Império Serrano, Unidos da Tijuca e Império da Tijuca, até que chegou à Vila Isabel, escola que seu irmão mais novo sempre insistia para que ele fizesse parte.

"Eu cheguei até a recusar alguns convites da Vila Isabel, e o Victor, meu irmão mais novo, sempre insistia para que eu entrasse para a escola, já que ele faz parte da bateria. A primeira vez que eu disse não para a Vila foi justamente no ano que ela foi campeã, inacreditável né?! Mas em seguida, após a chegada do Décio Bastos (atual diretor geral de harmonia da Vila Isabel), eu acabei aceitando o convite para fazer parte desta grandefamília", disse Magrão.

Dos 28 anos na avenida, Magrão não consegue citar um desfile como o mais especial, mas admite que por cada cantinho que passou guarda diversas lembranças boas. Carnavais históricos fazem parte de um grande currículo na vida do folião. Que trabalhou em desfiles memoráveis, como o da Unidos da Tijuca em 1999 e Vila Isabel em 2012.

"Já passei por diversas escolas, e de cada uma delas eu guardo um pedaço especial. Um dos grandes desfiles no qual fiz parte foi em 1998, quando fui harmonia de bateria pela primeira vez, ao lado do Mestre Odilon, na Grande Rio. Também tenho um grande histórico no grupo de acesso, onde consegui conquistar diversos títulos. Além de estar presente na Vila nos anos do Teatro Municipal e de Angola, que foram desfiles que muito dificilmente a Marquês de Sapucaí irá presenciar algo parecido", recordou.
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Alexandre se orgulha em fazer parte da Harmonia da Vila Isabel | Foto: Divulgação
Trabalho em família

A experiência de Magrão no carnaval não teve a família presente apenas no início. Após fazer parte de diversas direções de harmonia, Alexandre foi convidado para dirigir o segmento da Império da Tijuca, onde depois de receber bastante apoio de amigos acabou aceitando, e realizando um trabalho ao lado de pessoas muito especiais.

"O trabalho no Imperinho foi algo ao acaso. Eu nunca pretendi trabalhar em função do carnaval, eu sou um amante do carnaval, um operário do samba. Como já falei antes, aprendi a amar isso tudo através da minha família, então nada mais justo do que trabalhar ao lado dela no carnaval. No Império da Tijuca eu fui convidado por um grande amigo, que é o Sérgio Costa. No início eu até relutei, mas depois de ver pessoas tão importantes pra mim insistindo por isso não tive como recusar. Trabalhei ao lado de minha esposa, meu irmão e meus amigos, e amigos que sei que vou levar para toda a vida. O samba é assim, é preciso de pessoas de confiança e do bem, para que possamos fazer tudo da melhor forma possível", declarou Magrão, emocionado.
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Equipe de Magrão(centro) na Império da Tijuca era repleta de amigos |  Foto: Reprodução
Mesmo após deixar o Império da Tijuca, Magrão não esconde todo o carinho pela agremiação, e reafirma que todo seu carinho pelo "maior espetáculo da terra" não é em vão, além de ser algo que pretende levar para toda a vida.

"Tive que acabar deixando o Imperinho para me dedicar à minha vida profissional. Sinto muita falta do Império da Tijuca, é uma escola com uma comunidade sensacional, pessoas maravilhosas, mas não seria justo eu abraçar o cargo por vaidade, é preciso saber o momento certo de tudo. Hoje, eu espero continuar fazendo parte da harmonia da Vila Isabel, que é uma das mais fortes do carnaval carioca, além de ser um grupo bastante unido e forte. Meu objetivo é ser um grande colaborador do carnaval, ajudar em um espetáculo que me ensinou muito na vida", concluiu.
Em 2013, Magrão não deixará de lado seu lado folião, e estará presente na Passarela do Samba desfilando em diversas escolas. Já no lado profissional, o harmonia deve exercer a função apenas na Vila Isabel, última escola a desfilar na segunda-feira de carnaval.