Tabu da sexualidade feminina vira peça de teatro no Marrocos
"Dialy", escrita pela roteirista Maha San, é fruto de um árduo e delicado trabalho baseado nos testemunhos de 150 mulheres que durante meses relataram suas experiências em oficinas com a autora e com membros do teatro Aquarium.
Por isso, os personagens não se apresentam com nomes próprios, porque as atrizes representam diferentes pessoas e vão se alterando umas com as outras à medida em que o texto avança.
É virgem ou não?
"A virgindade, muito importante no Marrocos, é uma das questões-chave na obra", afirma Maha, que para ilustrar o tema lembra uma das cenas da peça na qual um homem tira a virgindade de sua esposa no dia de seu casamento, enquanto a irmã bate sem descanso à porta e pergunta: "É virgem ou não?".
"Dialy" também ridiculariza algumas situações, como a de uma mulher no corredor de um hospital esperando para ter um filho, enquanto seu marido lhe diz: "Me ligue quando terminar", ou a de uma jovem que pede "um pouco de algodão e 'Betadine" porque menstrua e não tem noção do que está acontecendo com seu corpo.
Toda espécie de violações - conjugal, de menores ou grupal - são relatadas explicitamente pelas atrizes, sempre em contraposição com a virgindade: uma mulher é obrigada a fazer sexo anal, e sua família considera que ela deve agradecer a Deus "porque continua sendo virgem".
Porém, apesar do tema, durante os cerca de 50 minutos de duração da obra as atrizes conseguem, através da paródia de canções tradicionais e com uma constante pitada de humor e ironia, mostrar de forma natural o sofrimento da mulher marroquina e sua relação com a própria sexualidade.
"É minha feminilidade, sou mulher e esta vagina é minha e vai comigo aonde quer que eu vá. Ao mercado, à escola, ao 'hamám' (banho árabe), inclusive à mesquita", conclui "Dialy", que nesta quarta-feira conseguiu que o público se levantasse para aplaudir.
As informações são da EFE
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