Rio -  Os gastos da Mangueira no Carnaval deste ano vão passar pelo pente-fino do Ministério Público (MP) estadual. O órgão vai rastrear onde foi investido cada centavo dos quase R$ 5 milhões recebidos pela agremiação do Ministério da Cultura para a montagem do enredo sobre os 50 anos do bloco Cacique de Ramos.

O MP solicitou ao Banco Central a relação das contas bancárias em nome da Verde e Rosa e do presidente Ivo Meirelles. O próximo passo da investigação é pedir a quebra do sigilo bancário à Justiça para saber se houve desvio de verba.

As suspeitas de irregularidades envolvendo recursos da Cultura começaram a ser levantadas a partir de gravações telefônicas, autorizadas pela Justiça.
Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Como O DIA publicou nesta quinta-feira com exclusividade, Ivo revelou em diálogo com o deputado estadual Chiquinho da Mangueira, (PMDB) o pagamento de propina a alto funcionário do Ministério da Cultura para, mesmo sem prestação de contas, receber R$ 4.967.869,00.

A liberação do dinheiro foi publicado no Diário Oficial da União, no dia 5 de janeiro. Agora, o Ministério Público Federal vai investigar os crimes de fraude e corrupção por envolver um servidor de órgão federal.

Já a investigação sobre a forma como os recursos foram gastos ficarão a cargo do MP estadual. O órgão atua ainda no inquérito 017/1045/2011, da 17ª DP (São Cristovão), que tramita na 39ª Vara Criminal.

Em 4 de abril, Ivo foi indiciado pela polícia por associação para o tráfico. Ivo repassaria R$ 150 mil, por mês, para sustentar criminosos, principalmente, presos. Em troca, receberia apoio político para continuar no comando da escola.
Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Neste ano, a Mangueira homenageou na Sapucaí o tradicional bloco carnavalesco Cacique de Ramos | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Edital sobre eleições sai neste mês

Até o final do mês, será lançado o edital para a inscrição de chapas para a eleição para a presidência da Mangueira. Foi o que garantiu nesta quinta-feira o advogado Fernando Leite, responsável pela organização por ordem do juiz Rossidélio Lopes da Fonte, da 36ª Vara Cível do Rio.

“A partir da publicação, as chapas poderão fazer a inscrição no prazo de 30 dias”, disse Leite. O colégio eleitoral deverá ser de quatro mil eleitores. Apesar das novas definições, desde março, que a escolha da nova presidência virou caso de polícia.

Na ocasião, o atual presidente Ivo Meirelles denunciou que traficantes invadiram à quadra para impedir a eleição. Chapas concorrentes também foram ao Judiciário denunciar irregularidades na condução da eleição.