Pernambuco -  Tem uma canção do pernambucano Luiz Gonzaga do Nascimento, tal do Gonzagão, que fala duma conversa do sertanejo do Ceará com Deus. “Oh, Deus, perdoe este pobre coitado, que, de joelhos, rezou um bocado, pedindo pra chuva cair sem parar”, diz o cara, na ‘Súplica Cearense’. Na mesma música, o sertanejo rezou tanto, que parece que choveu demais: “Oh, Deus, será que o senhor se zangou? E só por isso o sol se arretirou, fazendo cair toda a chuva que há?”
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Em Canindé e em Juazeiro do Norte, no Ceará, onde o fotógrafo Severino Silva fez fotos de uma massa de nordestinos pedindo para Deus mandar alguma água lá do Céu, ninguém corre esse risco. Lá, o risco de inundação é, por enquanto, nenhum.

Hoje, 174 dos 184 municípios do Ceará, segundo dados do governo estadual de lá, estão em situação de emergência justamente por conta da falta de chuva. Não é que não chova nunca. O problema lá é que chove pouquinho demais, e não dá para o povo guardar a água. Simples assim. Por isso, o sertanejo do Gonzagão ficou danado e rezou demais: “Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho. Pedi pra chover, mas chover de mansinho. Pra ver se nascia uma planta no chão.” A turma dos escritórios de Meteorologia da região espera que a chuva de verdade, que pode ajudar a amansar o desespero da pior estiagem em 40 anos, só venha em janeiro ou fevereiro. Com sorte e muita fé em Deus.
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Enquanto a água não cai do Céu, romeiros lotam o Santuário de São Francisco em Canindé e as igrejas de Juazeiro do Norte, terra que o cearense Cícero Romão Batista, o famoso Padre Cícero, escolheu para lhe acolher — o homem nasceu em Crato. Só para a gente não esquecer, Padim Ciço, que é como lhe chamavam seus devotos, foi sujeito homem que movimentou aquela terra com sua fé e emocionou o povo quando contou que sonhou que Jesus mandou que ele cuidasse dos pobres.