Rio -  Recente portaria do Ministério da Saúde  autorizando a cirurgia de redução de estômago em hospitais públicos para adolescentes entre 16 e 18 anos não é novidade e, na verdade, resolução do Conselho Federal de Medicina já permitia que os médicos operassem esta faixa etária. Mas a principal pergunta diante desta autorização é: de que forma operar? Dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do governo federal revelam que 13% da população adolescente de 10 a 19 anos está com sobrepeso e 3%, com obesidade. E a expectativa é que esse percentual cresça ao longo dos anos. Agora, julgar que um adolescente chegou neste patamar deve, obviamente, ser decidido de forma bastante criteriosa.
O Rio é pioneiro no tratamento de adolescentes obesos. Antes mesmo da portaria, cerca de 10 pacientes entre 16 e 18 anos já vinham sendo acompanhados em um projeto-piloto por uma equipe multidisciplinar; formada por médicos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros. A ideia do projeto é focar em atendimento especializado e preventivo para os jovens nesta faixa etária. Ou seja, redução do peso com dietas. O motivo da opção prioritária pela não intervenção cirúrgica de imediato está relacionado aos eventuais danos psicológicos em pessoas tão jovens
Programa de Cirurgias Bariátricas do Estado do Rio tem a maior produtividade do país e já operou gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, SUS, mais de 400 pacientes. E atendeu outros 700, demonstrando que, mesmo em adultos, a opção pela cirurgia de redução de peso não é imediata. Que seja bem-vinda autorização do procedimento na rede pública para aqueles que necessitam. Mas que tenham cuidado pais e equipes médicas para aqueles que ainda não necessitam. E que, apesar da portaria, cada um de nós entenda que a prevenção é sempre a melhor opção.
Cid Pitombo é médico e coordenador do Programa de Cirurgia Bariátrica do Estado do Rio