Rio -  Em ritmo de Copa, o Maracanã se prepara até para um dilúvio. A promessa é de a bola rolar na grama como se fosse um tapete mesmo debaixo de uma tempestade de proporções bíblicas. O milagre será possível com a nova drenagem que começou a ser implantada quarta-feira no campo, ainda sem o gramado.

O sistema é apontado pela Empresa de Obras Públicas (Emop), órgão da Secretaria Estadual de Obras, como um dos mais modernos do mundo. Tem capacidade de absorver 230 milímetros de chuva por hora — o dobro da quantidade que caiu, em média, nos meses mais chuvosos, dezembro e janeiro, nos últimos dez anos (110 milímetros por hora).
Nova cobertura do Maracanã já começou a ser instalada | Foto: Divulgação
Maracanã segue sendo preparado para Copa do Mundo de 2014 | Foto: Divulgação
O sistema é ainda mais eficiente para junho e julho, justamente a época das copas das Confederações, em 2013, e do Mundo, em 2014. Neste período, a média de precipitação pluviométrica nos últimos dez anos chega a apenas 40 milímetros por hora.

O engenheiro Daniel Gomes, que assina a implantação do projeto, explica que o sistema de drenagem escolhido é conhecido popularmente como espinha de peixe. Apesar de tradicional, a capacidade de vazão foi potencializada. Para tanto, reduziu-se a distância entre os dutos de captação da água da chuva. Antes era de 6,3 metros e, agora, de apenas 4 metros. O diâmetro dos drenos dobrou: de 75 milímetros para 150 milímetros.

“A água das chuvas será reaproveitada na irrigação do próprio gramado e nos banheiros, entre outras finalidades”, explicou Daniel. Ao chover, a água descerá pelos dutos até um coletor periférico já implantando em torno do campo, de onde seguirá para reservatórios sob a arquibancada. Logo abaixo do gramado, há camada de 30 centímetros de areia misturada com matéria orgânica, usada como adubo para o gramado. Uma faixa de brita completa o sistema, pronto em janeiro.

A Fifa havia relutado em aceitar o sistema e sugerira o de drenagem a vácuo, que escoaria a água mais rápido. O problema é que a tubulação — a 1,5 metro de profundidade — alcançaria o lençol freático e aumentaria os custos da obra.