São Paulo -  O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira que vai liberar R$ 10 milhões para investir na capacitação e criação de centros de transplante prioritariamente no Norte, Nordeste e interior das regiões Sudeste e Sul do País.
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Por meio de uma portaria, foi criado um projeto para que as equipes já reconhecidas por realizar muitas captações de órgãos e cirurgias do tipo sejam tutoras de unidades localizadas em regiões que não disponibilizam as operações. O objetivo é dividir o conhecimento e organizar as redes regionalizadas para os transplantes.
Além de fortalecer a tendência de alta das doações de órgão no Brasil – só no primeiro semestre de 2012 o crescimento de transplantes realizados foi de 12,7% em comparação com o mesmo período do ano passado – o projeto pode diminuir o número de "migrantes da saúde". São as pessoas que viajam quilômetros para conseguir coração , rim, córnea ou pulmão .
Hoje, a distribuição desigual de centros capacitados faz com que muitos pacientes precisem deixar a sua cidade de origem para fazer a cirurgia em Estados em que a rede já é estabelecida. Foi o caso de Fábio, que morava em Brasília, mas fez o transplante de rim em São Paulo . A mesma situação foi enfrentada por Maria Augista, que deixou o Pará para conseguir tratamento para uma doença cardíaca grave e ganhar um coração novo em um hospital paulistano .
Atualmente, 23 mil pessoas esperam para receber um órgão, distribuídas em filas de todos os Estados, algumas mais disputadas por justamente realizarem mais cirurgias. Números da Associação Brasileira de Transplante de Órgão (ABTO) endossam as diferenças regionais. De acordo com a entidade, os transplantes de fígado em 2012 foram realizados em 11 estados, nenhum da região Norte e apenas um da centro-oeste.
Enquanto Santa Catarina, no Sul, ostenta uma média de 26,6 doadores por milhão de habitantes, em Alagoas (no Nordeste) o índice é de 0,6 doador por milhão de pessoas. No Mato Grosso a taxa é de 0,7 frente a 19,3em São Paulo.
Apesar dos abismos, alguns avanços já foram registrados e engrenaram a realização de transplantes. Em 2010, afirma o Ministério, eram 10 equipes capacitadas para fazer a busca de doadores em potencial e hoje já são 62. O Rio Grande do Norte conseguiu zerar a fila de espera para transplante de córneas e o Ceará, com melhoras na estrutura para fazer transplantes de rim, registrou a média de 20,8 doadores por milhão de habitantes.
Outro desafio é superar a resistência das famílias em doar órgãos. Atualmente, 63% dos consultados pelas equipes negam a autorização.

As informações são de Fernanda Aranda do iG