Rio -  Depois de atravessar décadas de declínio, a indústria naval fluminense renasceu, impulsionada pelo setor de petróleo, e se transformou num dos maiores polos deinvestimento do estado. Na acirrada disputa por encomendas de embarcações, os estaleiros do Rio estão injetando R$ 2 bilhões na compra de materiais, equipamentos e serviços de fornecedores locais no estado.

Os estaleiros fluminenses receberam pedidos de 19 navios, só em encomendas da Transpetro, subsidiária da Petrobras, somando R$ 2,8 bilhões de investimentos. O Estaleiro Mauá, em Niterói, ficou responsável por quatro navios de produtos. Dois já foram entregues: Celso Furtado e Sérgio Buarque de Hollanda. Outros 12 estão sendo feitos no Estaleiro Eisa, na Ilha, e mais três navios-bunker (para transporte de combustível) estão encomendados ao Superpesa.
Celso Furtado, um dos navios construídos no Estaleiro Mauá, em Niterói, e, assim como o Sérgio Buarque de Hollanda, entregue | Foto: Divulgação
Celso Furtado, um dos navios construídos no Estaleiro Mauá, em Niterói, e, assim como o Sérgio Buarque de Hollanda, entregue | Foto: Divulgação
Ao todo, somam-se 386 pedidos. As barcaças fluviais lideram o ranking, com 103 encomendas, seguidas pelos navios de apoio offshore, com 101, e navios-sonda e navios de produtos, com 35 e 34, respectivamente. Hoje, o Rio tem 22 estaleiros, dos quais um é novo em operação: Aliança Offshore, em São Gonçalo. Outros quatro estão sendo construídos: OSX, Estaleiro da Marinha e Barra do Furado, além do Caneco, já desapropriado pelo estado, que será vendido e revitalizado. O setor tem 58 mil trabalhadores empregados diretamente e mais 21.500 postos de trabalho deverão ser abertos até 2015. Só o Estaleiro OSX vai admitir 10 mil.

“O Rio vive um excelente momento na área de indústria naval. Além de novos estaleiros e outros sendo revitalizados ou ampliados, há intenso movimento nos outros elos da cadeia, com a chegada de empresas fornecedoras dessa atividade, que estão gerando emprego e renda”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, Julio Bueno.

O estado criará polo para o setor de navipeças, em Duque de Caxias, com saída para a Baía de Guanabara. Serão cerca de R$ 250 milhões para a compatibilização de área de 4 milhões de m² para novas empresas. O polo deverá atrair investimentos de R$ 1,5 bilhão e gerar 5 mil empregos diretos até 2015.

Segundo a Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio (Codin), mais que dobrou o número de empresas do setor de óleo e gás interessadas em investir no Rio: de 100, no início de 2011, para 250. Segundo o diretor da Codin, Alexandre Gurgel, o estado já processa 55% do aço nacional e concentra 62% a mão de obra do setor no país.

Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore, em 2011, o Rio ocupou o 2º lugar no ranking da construção naval brasileira, ficando atrás só de Pernambuco. Quando analisada a empregabilidade em estaleiros, o Rio vem em 1º, com mais de 25 mil empregos diretos gerados. Com o pré-sal, as expectativas até 2020 são de que a indústria de óleo e gás dobrará a participação no PIB brasileiro, passando de 10% para 20%.